segunda-feira, dezembro 14, 2009

Dieta - Parte 4 - Controlo

Finalmente encontrei disponibilidade (de tempo e não só) para terminar os posts relativos à minha perca de peso. Neste último texto pretendo dar uma ideia de como foi efectuado o controlo de todo o processo.

Em primeiro lugar, definir objectivos realistas. Não defini à partida que iria perder mais de 20 kg ou que iria atingir o IMC ideal. Fui dando pequenos passos. Dos 109 Kg apontei para os 100. Lá chegado, apontei para os 95 e depois para os 90. Até chegar agora, que estou com 87/88.

Em termos de controlo reconheço que, no meu caso, a situação raiou a paranóia.Sei que isto não é recomendado, mas eu controlava diariamente o peso de modo a compreender que alimentos/combinações de alimentos funcionam melhor ou pior. Ao fim de algum tempo sabia o que podia ou não comer. E ainda estou a aprender. Sei perfeitamente que uma pessoa normal não se pesaria as vezes que me pesei. Mas ao fim de algum tempo, com a evolução positiva do peso, instalou-se uma determinação que não me deixava descansar até ter cumprido os sucessivos objectivos. E sei perfeitamente que, sem essa natureza obsessiva, não o teria conseguido.

Avaliando agora, sei que no começo a perca de peso é maior. Quanto mais nos vamos aproximando do peso ideal, menos peso vamos perdendo no mesmo período de tempo.
Até aos 95 kg a perda de peso foi bem mais fácil do que daí para a frente (ou para baixo, neste caso).

Convém não esquecer que de vez em quando sabe bem fazer umas pausas para umas “prendas” que nos dêem motivação. Durante este processo, acho que fui uma vez por mês ao rodízio ou ao sushi. Claro que não comi como comeria antes, até porque agora me sinto cheio mais depressa (também porque me habituei a comer mais devagar), mas é sempre motivante saber que no final dos vários pedaços de túnel que vamos atravessando estão umas fatias de picanha com uns copos de sangria, ou uns belos pedaços de sushi. As coisas assim tornam-se mais fáceis.

Em resumo, perdi cerca de 22 kg, o que corresponde a 4 garrafões de água (imaginem que vivem com o peso de 4 garrafões de água pegados ao corpo). Olhando para trás, diria que não foi assim tão difícil, o que até será incongruente com o que tenho vindo aqui a explicar. Mas acho que se durante todo este tempo tivesse pensado que era difícil e que não iria conseguir, não tinha conseguido cá chegar...

sexta-feira, novembro 27, 2009

Dieta - Parte 3 - Actividade Física

Esta é talvez a área mais fácil de explicar em mais difícil de aplicar. É necessária alguma disciplina para manter o ritmo de treinos. Muitas vezes não apetece ir ao ginásio, e temos tendência para inventar um sem número de razões. Mas não há programa de perca de peso bem sucedido sem actividade física.

Na primeira fase, optei por ir ao ginásio 3 vezes por semana. Geralmente, segunda, quarta e sexta-feira. O treino consistia basicamente em exercício aeróbico. 15 minutos de Bicicleta, Alongamentos, 15 minutos de Elíptica e novamente Alongamentos.

A opção por estes exercícios ao invés da corrida deveu-se ao facto de que, com 20 kgs acima do peso ideal, não seria agradável investir numa actividade que iria trazer impacto para as articulações. Apenas iria causar problemas que poderiam ser evitados.

No exercício aeróbico optei sempre por um ritmo forte, ao invés de apostar na resistência das máquinas. O objectivo não era treinar a força, mas sim a área cardiovascular. Assim, há que controlar o batimento cardíaco, mantendo-o constante na área dos 60-70% da pulsação máxima.

Após ter conseguido baixar da barreira dos 95 kg, e porque também já me entediava a rotina do ginásio, passei a experimentar correr na rua. Comecei com pequenas distâncias (3 a 4 km) e rapidamente fui evoluindo para distâncias mais longas. A primeira estabilização no treino deu-se aproximadamente aos 6 km. Continuei como ritmo de 3 vezes por semana.

A partir desta fase passei a entusiasmar-me com a corrida. Para mim é algo que, para além de ser um óptimo regulador de peso, funciona como um escape psicológico para o stress do dia-a-dia. A sensação de contarmos connosco para ultrapassar as dificuldades do percurso, para além de sentir os elementos atmosféricos de perto, são factores motivadores para treinar.

No seguimento do entusiasmo com o atletismo, surgiu a sugestão de me inscrever na secção de atletismo do meu emprego, que permite uma motivação extra de participar em muitas das provas de estrada que ocorrem na zona de Lisboa. Esta possibilidade é mais um factor de motivação para continuar a correr.

Actualmente, e já depois de atingir de uma forma estável o peso ideal (87 kg), decidi voltar ao ginásio, mas apenas para fazer treino de definição muscular, nomeadamente ao nível dos braços e tronco (peito, costas e abdominais).

Dessa forma, o meu plano de treinos actual é o seguinte:

Segunda, Quarta e Sexta: Ginásio. Trabalho de definição muscular.
Terça, Quinta e Domingo: Corrida. Neste momento utilizo um percurso de 8,5 km.
Ocasionalmente ao Domingo: Provas de estrada (geralmente de 10 km). Neste caso, o treino de Quinta passa a ser menor.

Ocasionalmente, se me excedi na alimentação durante a semana, faço também alguma actividade ao Sábado.

sábado, novembro 07, 2009

Dieta - Parte 2 - Alimentação

A minha alimentação durante o dia estava bastante desregulada. Comia basicamente demais, em grandes quantidades às refeições, e sem me preocupar com o que comia. Assim, abusava dos folhados e bolos entre as refeições, bem como dos pratos cheios de comida ao almoço, dificultando a digestão durante a tarde. À noite, cometia diariamente o erro de chegar cheio de fome a casa, fazendo autênticos raides ao frigorífico, comendo tudo o que encontrava à frente, sem preocupações com a qualidade, a quantidade ou a velocidade com que comia. Depois de jantar desta forma, ia geralmente para a cama sentindo-me bastante cheio.

Estes erros alimentares foram complementados pelo que desde pequeno posso chamar do sindroma do prato cheio. Ou seja, a tendência para comer tudo o que me punham no prato. Tendo esta tendência, a primeira coisa a fazer é reduzir a quantidade do que coloco no prato. Ou simplesmente diminuir o tamanho do prato. Parece uma medida unicamente psicológica, mas resulta.

Assim, comecei a reduzir quantidades das refeições principais, redução essa aliada a uma melhor distribuição da comida durante o dia. O objectivo principal foi o de nunca ficar muito cheio após uma refeição, bem como o de melhorar a qualidade da comida ingerida. Aliado a esta qualidade, aumentar a quantidade de fibra ingerida, de modo a potenciar a função digestiva e a eliminação do que se ingeriu.

Após estas considerações, optei por esta estruturação das refeições ao longo do dia:

Pequeno-almoço: Pelas 8:00/9:00, uma tigela de flocos com leite meio gordo ou de soja. Geralmente Farelo de trigo (fibra) em conjunto com outro cereal de sabor mais agradável.

Meio da manhã: Pelas 10:30/11:00, um lanche. Uma sandes de queijo ou fiambre ou manteiga (nunca dois ingredientes ao mesmo tempo e no caso da manteiga, muito pouca), com um iogurte liquido. Por vezes, em alternativa, um iogurte daqueles que vêm com flocos.

Almoço: Aqui uma grande mudança de hábitos. Passei a comer uma sopa, meia-dose e salada. Grande aposta nos legumes cozinhados ou crus (fibra), tendo cuidado com o tipo de prato escolhido. Eliminei fritos (batatas fritas por exemplo), pratos com grandes molhos ou muita gordura. De vez em quando, uma sobremesa de gelatina, aspic ou fruta. No início custa um pouco a habituação, devido ao hábito de comer uma dose inteira, mas estas quantidades são mais do que suficientes. Outro aspecto a ter em conta é o de comer devagar. Só assim o cérebro percebe que já tem comida no estômago, e emite a sensação de saciedade. Estando com fome, demora 20 minutos entre a ingestão de alimentos e a sensação de saciedade. Dessa forma é mesmo necessário comer devagar, para não comer para além do que é necessário.

Meio da tarde: Nunca menos de duas horas depois do almoço, uma peça de fruta~. Aproximadamente uma hora depois um iogurte. Ou vice-versa. Se não se comeu pão de manhã, podemos comer agora.

Final da tarde: Não chegar a casa, para jantar, com fome. É preferível comer qualquer coisa imediatamente antes de sair do trabalho ou no caminho. Mas cuidado com o que se come. Uma peça de fruta ou um iogurte.

Jantar: Esta é a refeição mais importante no processo, já que é à noite que o corpo tem menos hipóteses de queimar as calorias ingeridas. O Jantar deve ser no mesmo estilo do almoço, mas com muito controlo, e com poucas quantidades. Sopas, saladas, frutas, meias-doses de pratos com as mesmas regras do almoço. No meu caso, foi preciso bastante sacrifício devido aos hábitos adquiridos e bastantes vezes me deitei com fome. Neste caso, para aconchegar o estômago, o Chá (ou outra bebida quente) ajuda bastante. Quando se come um pouco demais e se sente o estômago um pouco mais pesado, não nos devemos deitar antes que passem duas horas depois de comer, de modo a dar ao corpo a oportunidade de queimar as calorias ingeridas. Evitar ao máximo ir para a cama de barriga cheia.

Durante o dia, beber água. Eu tenho por hábito beber entre 1 lt e 1,5 lts. Mas depende da vontade. Não vale a pena forçar muito, mas compensa ganhar o hábito de beber água, porque irá ajudar a que toda a parte da digestão trabalhe melhor. E a ingestão de fibras não serve de nada sem água.

Alguns conselhos:

Não excluir completamente coisas de que se gosta muito. Tirando os fritos, as comidas com muita gordura e alguns doces, não deixei de comer o que gosto. Só que em muito menores quantidades. Assim facilitamos o processo, porque diminuímos o sacrifício e ajudamos os primeiros tempos pós-dieta, porque não estamos à espera de consumir (e compensar) aquilo de que nos privámos.

Ter muito cuidado com os snacks ao longo do dia. Não comer folhados, queques, bolos, por muito simples/leves que pareçam. Todas as massas destes alimentos têm muita manteiga, para além de tudo o que lhe é colocado para intensificar o sabor e que geralmente não nos faz muito bem. Evitar as bolachas, mesmo as de água e sal. É preferível levar de casa o que se quer comer, para evitar ficar dependente de máquinas de vending ou da comida dos cafés. Eu optei pelo hábito de preparar uma lancheira antes de sair de casa. Geralmente contendo um iogurte com flocos, uma peça de fruta e uma sandes. Precisamente aquilo que vou comer durante o dia.

Nunca deixar aumentar a sensação de fome durante o dia. Para além de nos arriscarmos a comer demasiado quando finalmente conseguimos comer, o corpo vai aproveitar tudo o que ingerirmos, já que, tendo fome, o corpo não sabe quando vai comer de novo. Este conselho pode dividir-se em dois. Nunca deixar crescer a fome e, no caso de não se conseguir evitar essa sensação, ter muito cuidado com o que se come.

Dieta - Parte 1 - Introdução

Após uma bem sucedida epopeia de perca de peso, vários foram os pedidos para colocar por escrito as várias formas encontradas para atingir o meu objectivo.


Dessa forma para facilitar um pouco a tarefa, bem como a sua leitura, decidi dividir o tema em várias áreas. Este primeiro post serve como enquadramento inicial sobre o tema, tentando explicar algum do histórico originador do início do processo de perca de peso.

Em primeiro lugar, sempre tive excesso de peso. Desde que me lembro, nunca tive algo remotamente próximo do peso ideal. Para isso contribuiu sempre uma alimentação pouco cuidada, um excesso de gorduras na alimentação e o "síndroma de prato cheio" levado ao plural. Para além disso, a falta de exercício físico praticado de forma regular traduzia-se na falta de uma forma consistente de queimar as calorias ingeridas em excesso.

Dessa forma, para uma pessoa que se aproxima bastante dos 1,90 m de altura, sempre pesei à volta de 115/120 kg.

À cerca de 3 anos, por conselho do fisioterapeuta, embarquei numa dieta de Herbalife. Durou cerca de 3 meses e perdi cerca de 12 kgs. Depois apenas recuperei um ou dois kgs, o que permitiu considerar esta experiência como positiva. No entanto, não me sentia completamente satisfeito, já que não fui obrigado a alterar significativamente a minha alimentação, factor que sempre considerei essencial para uma perca de peso bem sucedida. Para além desse factor, o custo associado à compra dos produtos Herbalife (cerca de 100€/mês) não era suportável.

O que me levou ao principio deste ano. Por volta do meu aniversário (28 de Fevereiro), tinha um peso de 109 kgs. Nessa altura, e talvez devido à idade atingida (33 anos) ou talvez devido a um ou dois casos conhecidos de pessoas da minha idade que tinham tido problemas cardíacos devido ao excesso de peso, penso que inconscientemente decidi que estaria na altura de fazer o esforço que me permitisse alcançar um peso satisfatório. O objectivo inicial seria o alcançar de dois dígitos, mas o objectivo "secreto" eram os 95kg. Afinal consegui ir para além disso, mas não sem grande esforço e sacrifício, como seria de esperar e como poderão ler nos posts seguintes...

terça-feira, outubro 13, 2009

Sondagens Envergonhadas

Com aquele jeito de menino amuado, Santana queixou-se das sondagens, como quem se queixa do outro menino que lhe queria tirar o balão (o mesmo balão que acabou por lhe voar, mas isso é outra história). Que lhe davam 10 pontos percentuais a menos que a lista do PS e que foram encomendadas para o prejudicar. Afinal, Santana perdeu por quase 6 pontos, o que não andou muito longe das sondagens, já para não lembrar que lá para Junho as sondagens os davam praticamente empatados. O que quer dizer que houve sondagens para todos os gostos. Só Santana não gosta das que não lhe agradam, como é normal. Os meus filhos também não gostam quando as sondagens de opinião cá em casa são contra eles, e a maioria de opinião que são os pais, não os deixa ver o DVD da Guerra dos Clones.
Também o CDS-PP não gostava das sondagens das europeias, quando lhe davam 2% e eles acabaram por ter mais de quatro vezes esse número.
Recordo-me quando Cavaco Silva ganhou a sua segunda maioria absoluta. As sondagens davam como muito pouco provável esse resultado. Mas nessa altura, ninguém se rebelou contra as sondagens.
Parece-me que nestes últimos dois fenómenos aconteceu o mesmo que em 1991. Ou seja, as pessoas não assumiram que iriam votar no PP ou em Santana Lopes. Quando questionadas, o decoro falou mais alto e a noção de que poderiam ser criticadas pela opção política evitou que revelassem o verdadeiro sentido do voto. Mas na altura em que era necessária, a cruzinha não deixou de ir para o sítio que achavam correcto. É o chamado voto envergonhado. Revela muito acerca da maturidade política de um país, mas pode enganar quem confia cegamente nas sondagens.
Valha a verdade, se eu votasse em qualquer destes três "objectos políticos", também teria vergonha em assumi-lo...

quarta-feira, setembro 30, 2009

Cortinas de Fumo

Foi só a mim que pareceu que a declaração de ontem do Presidente da República não se tratou de nada mais do que uma cortina de fumo? Não esclareceu nada, levantou suspeitas (algumas das quais a roçar o ridículo como a dos emails) e não conseguiu justificar a demissão do seu assessor. Para quem se gaba de rigor e transparência, pareceu-me que andamos a brincar às instituições. E quando se enche a boca (em bom português) com as competências e poderes da Presidência da República também se demonstra que se recapitula demasiado o que se pode fazer, porque já que não se sabe muito bem o que fazer. Não me recordo de nenhum dos Presidentes eleitos ter-se envolvido tão evidentemente na luta político-partidária, agravado pelo facto não se conseguir afastar de uma imagem de desnorte. Se não fosse por agravar a instabilidade actual, acho o que Presidente só tem neste momento uma solução para salvar a face. Obviamente, demitir-se.

P.S.: Já agora, para quem, na sua declaração afirma peremptoriamente que ()sou particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças partidárias () é no mínimo invulgar que todos os elementos do Conselho de Estado nomeados por si sejam da área do PSD ou da direita parlamentar. Isto chama-se isenção, equidistância e vontade de ouvir as diversas sensibilidades políticas do país.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Democracia a sério?

Democracia a sério é quando deixamos de tentar apenas impor unicamente o que nós queremos e passamos a ouvir as diversas sensibilidades existentes, na tentativa de enriquecer ao máximo a solução encontrada. Com o resultado das eleições de ontem, o Partido Socialista vê-se obrigado a entrar sempre em acordo com outra força política quando quiser ver aprovada uma lei. Não me choca que um governo (que ainda tem uma maioria clara, com 18 deputados a mais que a segunda força) exerça o seu mandato buscando apoios pontuais, conforme o teor de cada lei que queira ver aprovada. A meu ver, esta forma de governação só virá trazer mais responsabilidade aos actores políticos (incluindo os partidos da oposição, habituados a um bota-abaixo muitas vezes inconsequente), bem como promover um verdadeiro exercício da democracia. A necessária procura de consensos irá revelar o grau de maturidade democrática existente na nossa classe política. Esperemos que os nossos políticos estejam à altura deste teste, de modo a manter a estabilidade do país, sem deixar de tomar as medidas necessárias para o seu progresso social e, sobretudo, civilizacional.

Espero também que o actual Presidente da República se lembre que do seu cargo também depende a estabilidade política do país, e abandone as suas estratégias de desestabilização do plano político nacional. Mas será que podemos esperar isso deste Presidente?

domingo, setembro 27, 2009

Num dos últimos debates de comentadores a que assisti antes das eleições, falava-se da evolução eleitoral do PCP. Dizia Bettencourt Resendes, por entre os argumentos habituais que o destino do partido seria a extinção, que Portugal era o último país em que um partido Marxista-Leninista tinha algum peso, afirmação complementada por um "o que diz bem do atraso do nosso país", dito por Sarsfield Cabral.
Não querendo repetir o "fascistas de me..." que vociferei no calor do momento (ainda bem que não tenho twitter), restou-me o espanto de ver Ricardo Costa destacar a importância do PCP, bem como contrapor que esses argumentos já existem à 20 anos, e a importância do partido na sociedade Portuguesa mantém-se.
Agora, pegando no argumento de Sarsfield Cabral, o que dizer de um país cujo terceiro partido pode vir a ser (ainda não acabou a noite eleitoral enquanto escrevo este texto) o CDS-PP?
Um partido de direita encapotada, que se vale de argumentos demagógicos e simplistas sem coerência nem com o seu passado nem, já sabemos isso, com o seu futuro.
Isto dirá bem da nossa sociedade (e podemos os distritos ver onde o CDS foi buscar os novos deputados), da sua iliteracia e do seu atraso cívico. Pior do que ter um partido Marxista-Leninista com influência na sociedade...

terça-feira, setembro 22, 2009

Expresso Escondido...

A última edição do Expresso é profícua em notícias orientadas Na primeira página fala-se dos PPRs de Louça e de outros dirigentes do BE, bem como das acções de empresas privadas. Na última página fala-se do hipotético custo para o erário público da nacionalização de uma série de empresas privadas, imputando-se esse custo às propostas de BE e CDU. Parece que, agora que o seu objectivo eleitoral deixa de ser o roubar votos à CDU (o que nunca conseguiu) e passa a ameaçar verdadeiramente contribuir para uma maioria de esquerda no parlamento (somando com a CDU praticamente 20% dos votos), o anterior menino querido da imprensa portuguesa se ameaça tornar no patinho feio Ou ameaçaria, se este lugar não estivesse já ocupado à uns 25 anos

terça-feira, setembro 15, 2009

Esmiuçado

Sócrates teve uma boa opção, ao ser entrevistado para o novo programa dos Gato Fedorento. Provou que é um bom desportista, e que não se importa que brinquem com a sua persona política. Esteve muito cordato e bem-educado, com um sorriso aberto (ao seu estilo, claro) e uma tentativa de piada em cada resposta. Fez a sua campanha, sempre dentro desse registo, de modo a não assustar o público-alvo do programa. No entanto, mesmo dentro dessa cordialidade, não deixou de revelar a sua veia reaccionária (isso mesmo, re-a-cci-o-ná-ri-a). Distinguiu esquerda moderada (a sua) de esquerda radical (a dos outros), qualificando assim BE e PCP de partidos não-democráticos. E não se coibiu de apodar Ricardo Araújo Pereira de Estalinista. Tenho a impressão que debaixo de tanto pó-de-arroz, havia ali uma veia a latejar

sexta-feira, setembro 04, 2009

Até que enfim!

Finalmente o senhor Avelino MDLP Ferreira Torres foi impedido de se candidatar a um cargo público (pode ser visto aqui). Só espero que o mesmo possa acontecer a outros políticos condenados por aproveitamento da sua situação enquanto eleitos públicos (como por exemplo o senhor Isaltino de Oeiras). Acredito que esta possa ser um bom começo para quem espera (e à muito tempo desespera) pelo fim dos caciques no nosso país. Principalmente pelo fim da expressão Ele até rouba, mas vai fazendo coisas. Este é um dos exemplos que, por cá, ainda estamos a muitos níveis no terceiro mundo. Temos instituída uma cultura em que o aproveitamento dos bens comuns é considerado desculpável, desde que haja obra feita. No entanto, sendo o exercício de um cargo público (eleito ou não) um dever para com o próximo e a sociedade, não nos podemos esquecer que da nossa sociedade era natural que este tipo de aproveitadores surgissem. Em terra de cegos, quem tem olho é rei, e na nossa terra às vezes basta meio olho

quinta-feira, setembro 03, 2009

Gripe Histérica 2

Pois é, parece que em Espanha concordam comigo:

http://www.ionline.pt/conteudo/21117-gripe-a-medicos-acusam-interesses-economicos-criar-doenca-fantasma

Curioso é o presidente da Ordem dos Médicos de Espanha falar também em interesses políticos, para além dos interesses económicos. Estamos a criar na Europa uma sociedade de medo do que vem aí? São as doenças, o terrorismo, os imigrantes...

Tudo isto para nos assustar, e aceder assim às dramatizações dos políticos, mas também para nos distrair das questões essenciais...

domingo, agosto 30, 2009

Pina Colada

Pina Moura foi militante do Partido Comunista. Mas viu que por aí não conseguia grandes vantagens. Depois virou-se para o PS. Foi ministro e chegou aos cargos de direcção em grandes empresas do sector da energia. Agora, defende o programa eleitoral do PSD, em oposição ao PS.

Não imagino que interesses estejam por trás desta mudança de casaca de Pina Moura. Mas tenho a certeza absoluta que os há. Porque o poder económico não apoia os políticos só porque lhe apetece.

Este é mais um daqueles cocktails económico-politico que pululam na nossa sociedade. Mas concerteza que os beneficiados não seremos nós...

quinta-feira, agosto 27, 2009

Auto-Género

Mas quem é que nos livra das infantilidades do Tarantino? Estou farto destes filmes pseudo-parodiando os géneros já existentes, com violência extrema e fora de contexto.

Infelizmente, estes filmes não têm muito mais que isso. De cinema têm pouco, mas de marketing e de fama têm muito. Ja chegava o Pulp Fiction para percebermos o "género Tarantino". Não precisávamos mais do mesmo.

sexta-feira, agosto 21, 2009

Gripe Histérica

Ando um pouco farto de toda esta histeria em relação à gripe A. Parece-me que, bem à portuguesa, se multiplicam as medidas para “inglês ver, bem como as notícias para encher espaço nos media. Se os nossos órgãos de comunicação já não primam normalmente pela clareza ou pela precisão, neste caso assiste-se à multiplicação de informação pouco exacta ou à simples exploração para fins mais ou menos sensacionalistas. Aliando a isto a pouca literacia e espírito crítico da nossa população, obtemos uma confusão generalizada entre o que são os sintomas da gripe, diferença entre métodos para contagiar ou para não ser contagiado, bem como as formas de contágio com as quais se deve ter realmente cuidado.

A sensação que tenho é a de que estamos a brincar ao Pedro e o Lobo com as doenças. Esta não é uma gripe com um grau de mortalidade diferente das outras gripes existentes no mercado. Quando tivermos disponível para contágio uma gripe mais perigosa (ou por exemplo alguma doença do foro das febres hemorrágicas de fácil transmissão), aí sim haverá necessidade de tomar medidas extremas para evitar o contágio. E aí corremos o risco de ter uma opinião pública já farta de ouvir falar em doenças, e sem grande paciência para ouvir novos conselhos.

No entanto, e porque há sempre algo de positivo a reter, esta campanha veio relembrar velhos e bons hábitos de higiene, como lavar as mãos regularmente ou não tossir e espirrar para cima dos outros. Não se arranja para aí uma gripe que ensine mais umas regras de civismo?

sexta-feira, julho 17, 2009

Laranja de Espuma

Já nada me espanta, vindo do Sr. Jardim. A sua verborreia mental é conhecida e o seu ódio a tudo o que cheire a ideias diferentes da sua também. Tirando os totalitarismos comunistas (e bloquistas), e dispensando o Representante da República, teríamos na Madeira um unanimismo laranja ainda maior Um pomar florido disponível para Jardim e os seus amigos. Porque enquanto ele prega sobre o falhanço da república e da democracia Portuguesa, nós sabemos bem o que quer o Sr. Jardim Já um austríaco (parece-me que se chamava Adolfo) começou por aí. Felizmente agora este senhor é um bocadinho mais velho e não tem tanta gente a dar-lhe importância.

Também não me espanta o facto de o Sr. Silva e a Sra. Leite se calarem enquanto se ouvem críticas generalizadas a estas declarações. Por alguma razão, que eu não descortino, há uma subserviência doentia aos ventos que sopram da Madeira.

O que me mais me espanta nisto tudo, é que o Sr. Vasco Pulido Valente dedique a este assunto uma crónica inteira na última página do público de hoje. Eu que pensava que este Sr. Comentador era uma espécie de senador, pairando acima da sociedade, não se deixando levar pela espuma dos dias

Pelos vistos enganei-me.

quinta-feira, julho 16, 2009

Oeiras com Ruído

Já repararam que, quando mais se aproxima a sentença do tribunal, mais barulho vai fazendo Isaltino Morais? Ele vem cá para fora enquanto a acusação fala, para ver se os media não dão tanta atenção às alegações, ele pede indemnizações por absolvições que ainda não foram, ele acusa o PSD de dominar os tribunais...

Sr. Isaltino, olhe que a qualidade de vida de Oeiras não se compadece com muito ruído... Fale mais baixo que assim não assusta ninguém.

quarta-feira, julho 15, 2009

Vai-te embora ó Santana!

Estou farto de Santana Lopes.

Como é que um tipo que deixou a câmara de Lisboa no estado em que ficou, tem a distinta lata de se voltar a candidatar? Um presidente de câmara cujas contas foram todas rejeitadas pelo tribunal de contas, em que, por exemplo, aumentou a capacidade de endividamento da câmara de 65% em 2001 para 182% em 2003, 146% em 2004 e 211% em 2005. Ou seja, esbanjou dinheiro a torto e a direito e deixou a autarquia numa situação financeira miserável.

Mas não é só isso. Esta figura enquanto foi secretário de estado da cultura tornou-se conhecida pelos subsídios dados sem critério aos amigos “artistas” (já para não falar de não saber quem foi Chopin). Não durou um ano como primeiro-ministro (felizmente), pela manifesta incapacidade de gerir os membros do governo, quanto mais o país. De demitido do governo e derrotado nas eleições, voltou para a câmara de Lisboa para poder ainda aproveitar as mordomias de uma residência oficial. Já em São Bento, utilizava a residência para receber os amigos pela noite dentro, mostrando pouco respeito pelo que representa a residência oficial do primeiro-ministro.

O que mais me irrita é que este elemento da sociedade vive exclusivamente da política, porque não sabe fazer mais nada. Passa a vida a saltitar de cargo para cargo, sempre (e isto dito em bom português) “à conta do orçamento”. Nas últimas ocasiões em que teve ensejo de demonstrar serviço ao país (na câmara e no governo), o que mostrou foi uma desorganização permanente bem como preocupantes “tendências” (eufemísticamente falando) para gastar o dinheiro que não é dele em favor dos amigos que o são. E mesmo depois de todas estas evidências, ainda é capaz de continuar a concorrer a cargos públicos, com um descaramento indecente.

Agora com a câmara de Lisboa volta a candidatar-se, com aquele ar de menino-messias. E o preocupante é que, dada a conjuntura actual, é bem capaz de ganhar…

P.S.: Santana diz que António Costa tem medo, porque tem negociado alianças com Helena Roseta ou Sá Fernandes. Isto chama-se convergência, Sr. Lopes! A mesma convergência que, nas eleições de 2005, o levou a oferecer quatro lugares de deputado para o MPT e para o PPM (dois para cada), sem que estes partidos alguma vez sonhassem em ter deputados eleitos nas suas próprias listas.


sábado, junho 27, 2009

Os Reis

É impressionante o paralelismo entre as vidas de Elvis Presley e de Michael Jackson.

Êxito avassalador na juventude, com a conquista da crítica e público e vendas impressionantes de discos.
Depois a decadência, problemas de saúde, afastamento dos fãs, isolamento progressivo, excentricidades por vezes incompreensíveis.

A terminar, uma morte por problemas com medicamentos, antes da meia idade.

Dá que pensar...

terça-feira, junho 23, 2009

Serra Grades

Inês Serra Lopes é um caso único de falta de vergonha na cara no jornalismo (?) português. Depois de ter levado o Independente à falência, na sua talvez única grande aparição fora do cómodo papel de comentadora, a filha do advogado de Carlos Cruz foi condenada, em Janeiro passado, a um ano de prisão efectiva pelo Tribunal da Relação de Lisboa (notícia).

Esta condenação tem a ver com o facto de esta senhora pensar que poderia, para além de manipular a opinião pública através do seu jornal (inventando o caso dos sósias de Carlos Cruz), manipular também a polícia judiciária e as provas envolvidas no processo Casa Pia.

Ora, se os jornais podem (infelizmente) manipular impunemente a opinião pública, já manipular um caso em investigação é crime. E quando se mente repetidamente, mesmo em tribunal, e não se mostra qualquer arrependimento, este crime dá origem a prisão efectiva. Que só não o é efectiva, porque a senhora em causa aceitou fazer trabalho comunitário.

Agora, o que me espanta mais é que continuemos a prestar atenção a esta senhora nos media. De vez em quando, lá a apanhamos a "botar faladura" sobre a política do país e sobre os políticos. Não compreendo porque são exigidas tantas provas de seriedade aos políticos nacionais e quando se trata da classe dos comentadores políticos, até pessoas condenadas por usarem da sua posição enquanto (de)formadoras da opinião pública continuam a ter direito a falar.

Há mais comentadores nesta situação. Mas se calhar se os afastarmos todos, talvez fossemos obrigados a dar voz a quem é verdadeiramente independente...

segunda-feira, junho 08, 2009

Ingovernabilidade

Depois das eleições de ontem, e como é tradicional sempre que crescem os partidos de esquerda, já andam os tradicionais comentadores políticos agitar a profecia da ingovernabilidade do país. De facto é assustadora a perspectiva. Sobretudo se for um bloco central.

Já se viu que nem para um caso simples como o da eleição do Provedor de Justiça os grandes partidos se entendem. Como é que se esperam entendimentos em assuntos mais importantes? Só se as grandes clientelas os obriguem a um entendimento. São aliás os grandes interesses económicos que vêm agora agitar o fantasma da ingovernabilidade.

A arte da coligação governamental é algo que decorre da maturidade democrática de um país e da sua classe política. Com efeito, é muito fácil governar não tendo que discutir as nossas ideias. Mas será o melhor para o país? Sempre aprendi que quantas mais contribuições existirem para um assunto, mais abrangente se torna a solução encontrada.

Ao invés, na nossa democracia sempre tivemos a cultura do um-contra-todos. Aliás, temos exemplos muito próximos disso. O partido da maioria diverte-se a rejeitar projectos de partidos da oposição apenas porque não correspondem à sua agenda política. É isto a governabilidade? É isto que querem os comentadores da nossa praça?

Haverá governabilidade tanto quanto os partidos envolvidos na governação estejam efectivamente interessados na evolução do país, e não apenas interessados na satisfação de clientelas particulares e no cumprimento da sua agenda. Como se tem visto, as políticas dos governos isolados não têm trazido nada de novo ao país. Não será que nos tornaríamos mais governáveis com um governo mais abrangente? Só precisávamos de uma classe política mais crescidinha…


domingo, junho 07, 2009

Europeias

Escrevo este post enquanto oiço as várias declarações pós-eleitorais dos partidos políticos. E estou preocupado. Depois de uma péssima campanha eleitoral, em que pelos vistos as listas só tinham cabeças de lista e em que não se discutiram ideias sobre a Europa, esta noite de contagem de votos revelou-se mais uma desilusão.
 
O entusiasmo infantil dos militantes PSD durante os discursos dos seus líderes é uma prova de como a necessidade de criar "entusiasmo" se sobrepõe a uma análise fria dos resultados. O PSD não ganhou nada. Apenas subiu um bocadinho sobre as últimas eleições.
 
Quase dois terços das pessoas não foram votar. O que quer dizer que os resultados eleitorais de todos os partidos são um terço da percentagem oficial. O desinteresse é generalizado, e não é de estranhar. Com a qualidade geral demonstrada pelos políticos, e com a actuação dos orgãos de comunicação social, é natural que as pessoas não queiram saber.
 
Não há propostas novas, não há carisma, não há liderança. A somar a isto, há frequentes casos de corrupção e de utilização do estado para proveitos próprios ou de amigos. Ou seja, para além de não fazerem o seu trabalho como seria de esperar, os políticos ainda nos brindam, quando no poder, com casos de polícia, em que utilizam o nosso dinheiro para entregar aos privados. E que são sempre os mesmos...
 
Pelos resultados destas eleições, pode vislumbra-se uma possível governação do PS com o BE, para grande gáudio da esquerda intelectual dos centros urbanos. Iremos ver se ao BE no governo não irá acontecer o mesmo que ao "seu" vereador na Câmara Municipal de Lisboa. Ainda se lembram dele?

domingo, abril 26, 2009

Nuno de Santa Maria

Logo no dia a seguir à comemoração dos 35 anos da dia da liberdade, vem a igreja católica santificar mais um santo, agora português.

D. Nuno Álvares Pereira é agora elevado à categoria de ídolo para figurar nas igrejas nacionais. Curiosamente o processo estava completado desde a primavera de 2008, mas só no dia 26 de Abril é que é efectivada a canonização. Com certeza foi uma mera coincidência, que o Vaticano é demasiado importante para ter em atenção uma revoluçãozeca.

Não pensando agora na questão teológica de que integrado no primeiro mandamento foi dito que "Não farás para ti nenhum ídolo", e os santos da Igreja Católica não são mais que ídolos, não consigo deixar de pensar que a Igreja Católica é ainda uma poderosa fábrica de embustes. Desde Fátima até Lourdes ou agora mais esta canonização, são incontáveis as "visões" ou "milagres" que mantém os fiéis na falsa esperança que lhes toque alguma coisa.

A igreja católica é a fonte de muitos dos problemas no nosso país. Desde a Inquisição (que aniquilou uma boa parte da nossa intelectualidade) ao massacre de Lisboa em 1506 (que mais uma vez se virou contra os comerciantes e as classes pensadoras) até ao apoio permanente ao fascismo, a Igreja tem mantido sempre um grande interesse em manter-nos na ignorância e na miséria intelectual. A nós e ao resto do "Povo de Deus", como na Espanha de Franco, no silêncio durante a Segunda Guerra Mundial ou pelas posições quanto às ditaduras na América Latina.

E continua agora com esta canonização. Os Portugueses ficam todos contentes e orgulhosos e os orgãos de comunicação ficam com desculpas para transmitir missas e ossanas o dia todo. Mais uma distracção para aliviar a crise. E uma cerimónia que parecerá um jogo de futebol, com bandeiras nacionais e bonezinhos coloridos para cada novo santo.

D. Nuno Álvares Pereira participou na primeira grande revolução social Portuguesa. Acho que até tem alguns pontos de semelhança com Salgueiro Maia e com a revolução de Abril. Não merecia era ficar na companhia sinistra de "santos" como Escrivá de Balaguer, fundador da criminosa Opus Dei. Ainda à um ano foram santificados elementos da igreja Espanhola que participaram na tortura de jovens Filipinos.

Quando é que efectivamente nos libertaremos da influência da Igreja Católica?

segunda-feira, março 30, 2009

Segunda Infância

Que a terceira idade é uma segunda infância, é voz corrente. Agora que o mesmo se aplique à líder do maior partido da oposição, já é outra história. Isto de fazer rejeitar o nome do candidato a provedor, só porque não é proposto pelo seu partido, é coisa de criança birrenta. O mal é pensar que o outro grande partido do centro está na mesma. Afinal em que ficamos? Como as políticas não são diferentes em muita coisa, há que atacar nos pormenores, que geralmente não têm a mínima importância, pelo menos até agora, em que está em causa a nomeação de uma das principais figuras da justiça.

Quem vê os nossos principais políticos a falar e a agir, só pode concluir que vivemos governados por crianças. A necessidade constante de ostentar uma pose (de estado dizem eles) grave e circunspecta, aliada a uma necessidade doentia de afirmação perante os outros são sintomas que dão que pensar.

Já ouvi dizer que se as crianças governassem o mundo estaria melhor. Confiem em mim. Cá em Portugal já tentamos e não resulta.

domingo, fevereiro 15, 2009

Avanços

Recentemente a Igreja Católica veio, praticamente em tons jocosos, permitir-se brincar com o termo casamento para a união oficial entre pessoas do mesmo sexo. Pediu que se lhe chamasse "associação", "joint-venture" ou outros termos parecidos, uma vez que o termo casamento estaria destinado apenas e só a uniões entre pessoas de sexos distintos.

Para além disso, vieram agitar (embora depois desmentindo, mas ficou o "aviso") que poderiam mobilizar os seus fieis para não votar nos partidos que defendessem tal heresia.

A Igreja Católica sabe que está a perder influência no mundo. Não negando toda a sua obra social, construida nas bases, todo o seu poder mundial foi construido sobre dogmas inventados ao longo do tempo, ao sabor dos seus interesses, e do seu enriquecimento enquanto instituição.

O celibato dos padres, a não ordenação de mulheres, o Deus enquanto ser exterior ao ser humano ou como ser irado e castigador, o próprio casamento ou a celebração do Natal foram criados, à revelia da igreja original para, ao longo do tempo, poder enriquecer o seu património monetário e capitalizar a sua influência.

Agora, o mundo vai-se lentamente libertando do jugo da moral judaico-cristã. Vai percebendo que pode acreditar num Deus que até está dentro de cada um de nós. Dessa forma já não é preciso ir à igreja para rezar ou para celebrar qualquer cerimónia.

Só era necessário que os estados, que até se dizem laicos, se fossem também libertando desse espartilho mental. Há bastante legislação que está criada e em vigor que se rege por principios morais criados pela Igreja Católica unicamente para seu proveito. E precisamos, a bem de um avanço civilizacional enquanto seres verdadeiramente evoluídos dar alguns passos em frente. O casamento entre pessoas do mesmo sexo é um desses passos. A abolição pura e simples do casamento é outro.

domingo, fevereiro 08, 2009

Dúvidas Inconsequentes

Este fim de semana decorre a convenção nacional do Bloco de Esquerda. A primeira questão seria porque se chama de convenção e não de congresso? Questão de semântica ou de importância?
O que mais me espanta neste congresso é a ânsia de discutir o nome do próximo candidato apoiado pelo Bloco às presidenciais. Espanta-me por várias razões.

A primeira razão é a de que as presidenciais são as eleições mais distantes no calendário eleitoral. O que pode significar que o BE, no seu afã mediático está apenas interessado no protagonismo de apoiar um candidato possivelmente ganhador.

Depois há o facto de falarem em Manuel Alegre. Pelo que me recordo, este nem sequer é ainda candidato. E se o querem apoiar agora, porque raio não o fizeram nas últimas eleições?

Outro factor é o de que (ainda ligado ao protagonismo) tanto fazer a Francisco Louçã que Alegre seja ou não militante do PS. Imagino que não. O que importa é mesmo que haja um candidato com possibilidade de ganhar.

E estas questões vêm levantar discórdias dentro do partido. O habitual unanimismo foi agora quebrado precisamente para criticar a ânsia da aposta em Alegre. Para quê causar estas discordâncias internas, quando se aproximam três importantes eleições nacionais?

Mas no meio de tantas dúvidas, uma coisa entendo no apoio do BE a Alegre. É que tanto um como outro, mesmo com forte apoio popular, não trazem muito para lá do mediatismo e da aparência...

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Democracia On Waves

O Estado Português foi condenado, pelo tribunal Europeu dos direitos do Homem, por não ter deixado entrar nas suas águas territoriais o barco da organização "Women on Waves", que pretendia efectuar sessões de esclarecimento sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Dessa forma, o estado será obrigado a pagar uma indemnização às duas organizações queixosas.

Reza o acordão que Portugal não foi condenado por proibir a divulgação das ideias e actividades da referida organização, mas sim porque, impedindo a entrada do navio, impediu que fizessem uso do seu meio mais eficaz de propaganda.

Recordo que nessa altura, o referido barco foi acompanhado por um navio de guerra que impediu a sua entrada nas nossas águas. Tamanha demonstração de força no sentido de obviar à discussão de ideias e divulgação de conteúdos, revela bem o terceiro-mundismo do nosso país, especialmente do, à data, ministro da defesa.

Ora e quem era este ministro da defesa nacional? Nem mais nem menos que aquele a quem ninguém faz perguntas sobre a IVG nem sobre o casamento Gay. Este senhor, pelas suas ideias e atitudes fascizantes custou ao nosso país uma humilhante condenação em Bruxelas como um país que guarda a sua moral católica com navios de guerra. Parece-me que atitudes destas seriam de outros senhores (ou da outra senhora), não de um país europeu no século XXI.

E já agora, é para isto que temos uma Marinha de Guerra?

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Ajudar quem precisa

Há coisas que não entendo. Se as pequenas e médias empresas têm bastantes dificuldades porque não conseguem encontrar crédito, e os bancos têm dificuldades em recuperar o dinheiro que emprestam, porque é que o Estado, em vez de disponibilizar dinheiro aos bancos para emprestar às empresas não empresta directamente a estas, sem juros ou com um juro mais baixo?

Não seria uma forma de agilizar os processos e garantir que as empresas tenham alguma esperança de capitalização?

Ou estamos ainda a pensar que serão os mesmos que causaram a crise que a irão salvar? Que eu saiba, foi o sistema financeiro e bancário ao nível mundial que conduziu a esta situação, na busca de mais e mais lucros, mesmo em cima daquilo que não tem valor aparente (como o caso do sub-prime).

É inacreditável que continuemos na mesma. Seria uma boa altura de repensar o mercado de capitais, e verificar que a esmagadora maioria do que nele se passa tem o mesmo valor de um níquel furado. Quanto do dinheiro movimentado tem realmente correspondência em algo físico e palpável? As variações de acções e fundos fazem-se ao sabor da corrente, subindo num dia e descendo noutro às vezes pelas mesmas razões.

Preocupa-me ver que as coisas continuam na mesma. Andamos a insistir no mesmo erro. E ajudemos quem precisa de uma forma eficaz.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Escolha Escolhida

Paulo Portas anunciou ainda à pouco que vai deixar aos militantes do concelho a decisão de qual o tipo de candidatura a apresentar à câmara de Lisboa.
Depois da desgraça que foram as últimas eleições municipais, onde não elegeram qualquer vereador, Portas quer concerteza furtar-se a nova humilhação. Que se avizinha aliás por não haver no partido um nome que se apresente como candidatura credível.
Dessa forma, surge como alternativa a coligação com a inenarrável escolha feita pelo PSD de voltar a candidatar o pior presidente que Lisboa teve nos anos pós-Abecassis (e estou a incluir João Soares), bem como o pior primeiro-ministro de que me lembro.
Ora como Paulo Portas não quer assumir a escolha já que, como ele bem disse agora, se tivesse uma escolha tinha-a imposto, vai deixar aos militantes de Lisboa a tarefa de decidir o que fazer.
Este assomo de democracia basal é em Portas sempre suspeito. Espera-se que da assembleia de militantes saia a decisão esperada pela direcção do PP.
Resta saber como será efectuada a votação nessa assembleia. De braço no ar?

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Religiosamente Correcto

Estas coisas do politicamente correcto começam a aborrecer-me. Eu sou ateu e fortemente anti-católico. Para mim aliás, uma das principais causas do atraso dos países ibéricos é a forte influência da igreja católica, que se faz sentir à séculos na nossa sociedade.

No entanto não posso deixar de defender o Senhor José Policarpo quando ele avisa as mulheres portuguesas que pretendem casar com muçulmanos.

São já vários os relatos dos problemas (eufemisticamente falando) que as mulheres ocidentais sofrem quando os maridos decidem (com ou sem elas) regressar aos seus países de origem, onde impera a lei islâmica.

Se retornam juntos, as mulheres são sujeitas a acatar as regras vigentes nesse país, que incluem, em menor ou maior grau, a obrigatoriedade de não sair de casa, de cobrir o corpo e de ser obrigadas a uma subserviência ao seu marido e respectiva família.

Se as mulheres optam pela separação cá, são vários os casos em que os maridos levam os filhos para os respectivos países e elas deixam de os poder ver nem sequer falar com eles.

É se calhar politicamente incorrecto dizer isto, mas a sociedade muçulmana vive ainda na idade média. Estiveram no passado mais adiantados que nós, ensinaram-nos muitas coisas que utilizamos na nossa cultura e foram extremamente tolerantes em termos religiosos (muito mais que os europeus da altura). No entanto, agora estão numa situação de atraso civilizacional grave. Não existe um país muçulmano em que as estruturas democráticas estejam assentes em bases sólidas, tal como não existe qualquer país muçulmano que respeite os direitos humanos em níveis minimamente aceitáveis.

Como é óbvio, não estou a falar de todos os muçulmanos, pois em muitos assenta o diálogo inter-religioso existente nas sociedades ocidentais. Estou a falar daqueles que suportam as sociedades baseadas numa interpretação abusiva do Corão, que obriga milhões de seres humanos ao sofrimento.

Já veio muita gente reagir como virgem ofendida às declarações do Senhor Policarpo (assim como reage por vezes a igreja católica). No entanto tenho quase a certeza de que nenhum muçulmano irá ser verdadeiramente prejudicado pelas declarações do Senhor Policarpo, já que ele não disse nenhuma mentira.