quinta-feira, julho 19, 2007

East Timor

Existe em Timor-Leste um mandado de detenção para o major Alfredo Reinado, emitido pelos tribunais.

No entanto, ao arrepio dessa decisão judicial, o Presidente da República ordenou à Procuradoria-geral da República que emitisse salvo-condutos para o major e o seu grupo, de modo a que estes não fossem detidos.

Ontem, um dos magistrados a exercer funções em Timor-Leste, veio (a noticia pode ser lida aqui) renovar o mandado de captura, lembrando que o poder executivo não pode ter quaisquer ingerências no poder legislativos, visto que são poderes autónomos.

Esta situação, numa democracia estabelecida (mesmo em Portugal), seria considerada bastante grave e levaria, penso eu, à demissão tanto do Presidente como do Procurador-geral da República, nem que fosse por pressão da opinião pública. Acho inimaginável que um Presidente da República (ainda por cima Nobel da Paz) minimamente democrático tenha uma atitude deste tipo.

Depois do que se passou com o governo de Alkatiri, com a eleição de Ramos Horta para a Presidência da República e com a tentativa em curso de retirar o poder à Fretilin, mesmo tendo em conta a sua vitória eleitoral nas legislativas, este é mais um passo no sentido de colocar Timor-Leste na rota de se tornar cada vez menos independente e cada vez mais num protectorado Australiano. O comportamento das forças australianas face às portuguesas na altura dos conflitos em Dili é bem demonstrativo deste rumo.

segunda-feira, julho 16, 2007

Lisboa Pós Eleitoral

Depois da noite eleitoral intercalar de ontem, vários pensamentos me assaltaram o espírito.

O primeiro surgiu ao ouvir as declarações de Helena Roseta. Cheia de força e vitalidade, com ideias e abertura para o futuro. Fiquei a pensar que, se fosse ela a escolhida pelo PS, teríamos neste momento uma Presidente de Câmara com ideias válidas para um município aberto à população. Mas imagino que isso seja o que menos interessa agora ao governo da Câmara…

Depois, ao ver a festa de Carmona Rodrigues, fiquei desalentado. O povo de Lisboa não difere do de Felgueiras ou de Oeiras (nem seria de esperar que diferisse). Parece que têm gosto em votar nos que os roubam mais descaradamente. Deve ser algum complexo de justiça anti-media. O tipo de raciocínio enviesado que leva a defender os que são apontados pela justiça e colocados na berlinda pelos órgãos de comunicação. De outra forma, como se justifica eleger de novo Carmona ou Gabriela Seara? Fontão de Carvalho só não foi eleito porque era o último da lista (mas estava lá na festa, junto aos demais). E foi eleita outra figura sinistra do clientelismo político português que é Pedro Feist. Não me admira que sejam estes os “amigos” de que necessita António Costa para ter a sua maioria.

Senti nos aplausos a Carmona a alegria desmiolada de quem não sabe muito bem o que está a apoiar, mas está lá porque sim. Infelizmente este parece ser o lugar comum da política actual. O que me leva a outra pergunta. Será que a democracia actual sobreviveria com apoiantes questionantes e esclarecidos? Mas isso é outra história…

De qualquer forma, não esquecer que tanto Roseta como Carmona só conseguiram candidatar-se, porque o protesto do MPT foi colocado a tempo e horas no Tribunal Constitucional, o que obrigou a adiar as eleições uma semana. Porque antes disso Carmona não se ia sequer candidatar…