quarta-feira, setembro 30, 2009

Cortinas de Fumo

Foi só a mim que pareceu que a declaração de ontem do Presidente da República não se tratou de nada mais do que uma cortina de fumo? Não esclareceu nada, levantou suspeitas (algumas das quais a roçar o ridículo como a dos emails) e não conseguiu justificar a demissão do seu assessor. Para quem se gaba de rigor e transparência, pareceu-me que andamos a brincar às instituições. E quando se enche a boca (em bom português) com as competências e poderes da Presidência da República também se demonstra que se recapitula demasiado o que se pode fazer, porque já que não se sabe muito bem o que fazer. Não me recordo de nenhum dos Presidentes eleitos ter-se envolvido tão evidentemente na luta político-partidária, agravado pelo facto não se conseguir afastar de uma imagem de desnorte. Se não fosse por agravar a instabilidade actual, acho o que Presidente só tem neste momento uma solução para salvar a face. Obviamente, demitir-se.

P.S.: Já agora, para quem, na sua declaração afirma peremptoriamente que ()sou particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças partidárias () é no mínimo invulgar que todos os elementos do Conselho de Estado nomeados por si sejam da área do PSD ou da direita parlamentar. Isto chama-se isenção, equidistância e vontade de ouvir as diversas sensibilidades políticas do país.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Democracia a sério?

Democracia a sério é quando deixamos de tentar apenas impor unicamente o que nós queremos e passamos a ouvir as diversas sensibilidades existentes, na tentativa de enriquecer ao máximo a solução encontrada. Com o resultado das eleições de ontem, o Partido Socialista vê-se obrigado a entrar sempre em acordo com outra força política quando quiser ver aprovada uma lei. Não me choca que um governo (que ainda tem uma maioria clara, com 18 deputados a mais que a segunda força) exerça o seu mandato buscando apoios pontuais, conforme o teor de cada lei que queira ver aprovada. A meu ver, esta forma de governação só virá trazer mais responsabilidade aos actores políticos (incluindo os partidos da oposição, habituados a um bota-abaixo muitas vezes inconsequente), bem como promover um verdadeiro exercício da democracia. A necessária procura de consensos irá revelar o grau de maturidade democrática existente na nossa classe política. Esperemos que os nossos políticos estejam à altura deste teste, de modo a manter a estabilidade do país, sem deixar de tomar as medidas necessárias para o seu progresso social e, sobretudo, civilizacional.

Espero também que o actual Presidente da República se lembre que do seu cargo também depende a estabilidade política do país, e abandone as suas estratégias de desestabilização do plano político nacional. Mas será que podemos esperar isso deste Presidente?

domingo, setembro 27, 2009

Num dos últimos debates de comentadores a que assisti antes das eleições, falava-se da evolução eleitoral do PCP. Dizia Bettencourt Resendes, por entre os argumentos habituais que o destino do partido seria a extinção, que Portugal era o último país em que um partido Marxista-Leninista tinha algum peso, afirmação complementada por um "o que diz bem do atraso do nosso país", dito por Sarsfield Cabral.
Não querendo repetir o "fascistas de me..." que vociferei no calor do momento (ainda bem que não tenho twitter), restou-me o espanto de ver Ricardo Costa destacar a importância do PCP, bem como contrapor que esses argumentos já existem à 20 anos, e a importância do partido na sociedade Portuguesa mantém-se.
Agora, pegando no argumento de Sarsfield Cabral, o que dizer de um país cujo terceiro partido pode vir a ser (ainda não acabou a noite eleitoral enquanto escrevo este texto) o CDS-PP?
Um partido de direita encapotada, que se vale de argumentos demagógicos e simplistas sem coerência nem com o seu passado nem, já sabemos isso, com o seu futuro.
Isto dirá bem da nossa sociedade (e podemos os distritos ver onde o CDS foi buscar os novos deputados), da sua iliteracia e do seu atraso cívico. Pior do que ter um partido Marxista-Leninista com influência na sociedade...

terça-feira, setembro 22, 2009

Expresso Escondido...

A última edição do Expresso é profícua em notícias orientadas Na primeira página fala-se dos PPRs de Louça e de outros dirigentes do BE, bem como das acções de empresas privadas. Na última página fala-se do hipotético custo para o erário público da nacionalização de uma série de empresas privadas, imputando-se esse custo às propostas de BE e CDU. Parece que, agora que o seu objectivo eleitoral deixa de ser o roubar votos à CDU (o que nunca conseguiu) e passa a ameaçar verdadeiramente contribuir para uma maioria de esquerda no parlamento (somando com a CDU praticamente 20% dos votos), o anterior menino querido da imprensa portuguesa se ameaça tornar no patinho feio Ou ameaçaria, se este lugar não estivesse já ocupado à uns 25 anos

terça-feira, setembro 15, 2009

Esmiuçado

Sócrates teve uma boa opção, ao ser entrevistado para o novo programa dos Gato Fedorento. Provou que é um bom desportista, e que não se importa que brinquem com a sua persona política. Esteve muito cordato e bem-educado, com um sorriso aberto (ao seu estilo, claro) e uma tentativa de piada em cada resposta. Fez a sua campanha, sempre dentro desse registo, de modo a não assustar o público-alvo do programa. No entanto, mesmo dentro dessa cordialidade, não deixou de revelar a sua veia reaccionária (isso mesmo, re-a-cci-o-ná-ri-a). Distinguiu esquerda moderada (a sua) de esquerda radical (a dos outros), qualificando assim BE e PCP de partidos não-democráticos. E não se coibiu de apodar Ricardo Araújo Pereira de Estalinista. Tenho a impressão que debaixo de tanto pó-de-arroz, havia ali uma veia a latejar

sexta-feira, setembro 04, 2009

Até que enfim!

Finalmente o senhor Avelino MDLP Ferreira Torres foi impedido de se candidatar a um cargo público (pode ser visto aqui). Só espero que o mesmo possa acontecer a outros políticos condenados por aproveitamento da sua situação enquanto eleitos públicos (como por exemplo o senhor Isaltino de Oeiras). Acredito que esta possa ser um bom começo para quem espera (e à muito tempo desespera) pelo fim dos caciques no nosso país. Principalmente pelo fim da expressão Ele até rouba, mas vai fazendo coisas. Este é um dos exemplos que, por cá, ainda estamos a muitos níveis no terceiro mundo. Temos instituída uma cultura em que o aproveitamento dos bens comuns é considerado desculpável, desde que haja obra feita. No entanto, sendo o exercício de um cargo público (eleito ou não) um dever para com o próximo e a sociedade, não nos podemos esquecer que da nossa sociedade era natural que este tipo de aproveitadores surgissem. Em terra de cegos, quem tem olho é rei, e na nossa terra às vezes basta meio olho

quinta-feira, setembro 03, 2009

Gripe Histérica 2

Pois é, parece que em Espanha concordam comigo:

http://www.ionline.pt/conteudo/21117-gripe-a-medicos-acusam-interesses-economicos-criar-doenca-fantasma

Curioso é o presidente da Ordem dos Médicos de Espanha falar também em interesses políticos, para além dos interesses económicos. Estamos a criar na Europa uma sociedade de medo do que vem aí? São as doenças, o terrorismo, os imigrantes...

Tudo isto para nos assustar, e aceder assim às dramatizações dos políticos, mas também para nos distrair das questões essenciais...