quinta-feira, março 23, 2006

Pé-de-Galo

O primeiro encontro oficial entre Cavaco e Sócrates decorreu à volta de uma inovadora mesa de Pé-de-Galo, ao invés dos tradicionais sofás de belém...

Mas o que lhe passou pela cabeça para usar aquela mesa?

Cá para mim, quando os jornalistas sairam, houve ali espaço para uma sessão espirita... A Maria trouxe a sua tábua de Ouija, e Cavaco pôde pedir orientação ao seu mentor, o homem das botas... E de caminho dar um valente susto ao primeiro-ministro...

Ou isso ou viraram o tampo da mesa e colocaram a descoberto um belo pano verde para um renhido jogo de bisca taberneira. Que Sócrates deixou Cavacou ganhar, claro... Não vamos querer eleições antecipadas...

quarta-feira, março 22, 2006

Jardineira

O Senhor(?) Presidente do Governo Regional da Madeira mandou que este ano não se comemorasse a revolução do 25 de Abril na Assembleia Regional da Região Autónoma.

Esquece-se o Presidente que sem o 25 de Abril a Madeira não teria a autonomia de que dispõe hoje. Não teria a possibilidade de se auto-governar, em liberdade e com eleições. Não teria um Presidente de Governo Regional, porque não teria sequer um Governo Regional. Aliás, duvido muito que a figura de João Jardim pudesse ascender ao que quer que fosse dentro do regime fascista, devido ao seu carácter no mínimo, histeriónico.

Também seriam histeriónicos, se não fosse algo tão sério, os argumentos utilizados para não haver sessão solene.Segundo o PSD Madeira (essa entidade intocável e autónoma do PSD nacional), as criticas da oposição que estarão presentes nos discursos não se coadunam com o espírito da celebração em causa. Que por acaso é a celebração da liberdade de expressão. Pois.

Outro argumento é a possibilidade de existir um baixar de nível da discussão politica que envergonhe as comemorações do 25 de Abril. E quem tem este receio são personalidades do nível de João Jardim ou Jaime Ramos. Pois. É dificil baixar mais do que isto.

De referir que nas comemorações da Assembleia da República também há criticas, por vezes ferozes, por exemplo, ao 25 de Abril, e nunca ninguém suspendeu a cerimónia.

Só pergunto agora o que dirá o novo Presidente da República, o garante do cumprimento da nossa Constituição nascida do 25 de Abril, desta situação?

Será que alguém sente as costas quentes?

segunda-feira, março 20, 2006

Carta ao Presidente da República

Exmos. Sr.:

Escrevo para manifestar o meu desagrado pela mudança radical registada no site da Presidência da República.

Onde antes existia um espaço de consulta e divulgação alargada sobre as actividades presidenciais, legislação, símbolos da república, entre outros assuntos, surge agora um espaço que me atrevo a chamar de auto-contemplação presidencial. Citações do novo Presidente de República (tendo estado presentes inclusive declarações proferidas antes da sua tomada de posse, ao jornal espanhol ABC) que surgem mesmo em páginas não relacionadas directamente consigo, sobrepondo-se graficamente a toda a (pouca) informação existente. Uma organização que pouco mais é que a biografia, umas fotografias do novo Presidente, e uma ou outra declaração avulsa.

Onde anteriormente existia um espaço que representava a presidência da república, enquanto instituição representativa do Povo Português, surge agora um espaço onde está representada apenas a figura presidencial. Penso que assim se perde um dos principais veículos actuais de transmissão de informação da Presidência da República para a sociedade Portuguesa.

Aguardo com algum interesse, inclusive profissional, os desenvolvimentos deste assunto, por forma a verificar se estas minhas primeiras impressões se irão ou não verificar.

Sem outro assunto de momento,

Subscrevo-me Atenciosamente,

segunda-feira, março 13, 2006

Blind MB

Já conheço à alguns anos a funcionalidade dos Multibancos para invisuais.

É fácil de experimentar. Quando se termina a introdução do código pessoal (que "apita" ou faz "click" por alguma razão), pressiona-se a tecla "5" (o centro do teclado, com uma marca táctil) e o Multibanco começa a "falar".

É certo que as opções disponibilizadas aos invisuais são reduzidas, mas acho que é meritório ter existido, penso que desde o início, esta ideia.

Só não entendo porque é que, nesta opção, o multibanco devolve um recibo. Que nem sequer é em braille....

sábado, março 11, 2006

Barbárie

Segundo um comunicado do governo iraquiano foram executadas por enforcamento 13 pessoas acusadas de envolvimento em massacres e em atentados terroristas em todo o país.

A pena de morte é em si um acto bárbaro, por igualar o sistema judicial aos assasinos que praticam os crimes pelos quais são considerados culpados.

Mas, para além disso, a execução da pena de morte por enforcamento é dos métodos mais bárbaros que se possa encontrar.

A pena de morte no Iraque foi abolida pela administração Americana. No entanto, foi reinstaurada em Junho de 2004 pelo governo provisório iraquiano. Não acredito que, se existisse uma verdadeira oposição a este assunto, a pena de morte tivesse sido reposta. Ainda por cima com este método...

Estou absolutamente chocado que um país que neste momento funciona como um protectorado do ocidente, recorra a estes métodos. Penso que não são estes os valores europeus... Mesmo que neste momento não saiba muito bem quais são esses valores...

Freitas

O nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros optou recentemente por produzir declarações relacionadas com as relações da europa com o mundo árabe.

Primeiro foram as declarações infelizes em que submetia a liberdade de expressão à tentativa de acalmar as reacções inflamadas dos líderes religiosos islâmicos.

Agora veio, a meu ver, colocar o dedo numa ferida antiga que é a dualidade de critérios da Europa em relação aos comportamentos Israelitas e Árabes.

Segundo o Ministro, temos uma situação de «dois pesos e duas medidas» por parte do Ocidente no caso do conflito do Médio Oriente.

Segundo o seu exemplo, "O ministro da Defesa da Palestina afirmou recentemente que, dadas determinadas condições, poderiam assassinar um dirigente israelita, o que foi objecto de condenação universal e muito bem. Depois, o ministro da Defesa de Israel disse a mesma coisa de um dirigente da Palestina e ninguém condenou, o que acho mal».

É claro, que vieram logo a terreiro os arautos da defesa incondicional dos interesses israelitas (ou seja, americanos), bradando que o MNE não sabe o que diz...

Acho que, neste caso em particular, ele sabe o que diz. Existe uma protecção total da Europa em relação aos crimes praticados pelo estado de Israel, dos quais os citados assassínios sumários e selectivos são a sua face mais visível.

Como exemplo, num programa semanal da Antena1 perguntava-se ao painel de comentadores porque razão podia Israel ter armamento atómico e o Irão não. Perguntava-se mesmo se alguém se "atrevia" a dizer a razão que todos sabiam. e um comentador "atreveu-se". As duas razões apresentadas personificam os dois pesos e as duas medidas referidas pelo MNE. Dizia esse comentador que Israel tinha um governo eleito e que respeitava (penso que utilisou o termo "religiosamente", mas acho que isso seria demasiada ironia) as resoluções das nações unidas. Ora, não se lembram estes senhores que o presidente extremista do Irão foi eleito, derrotanto um presidente com uma postura moderada, anteriormente no poder. Esquecem-se ainda que Israel sistematicamente ignorou todas as resoluções das Nações Unidas sobre a Palestina, a sua auto-determinação e os direitos dos cidadão árabes.

São estes double standards que levam a que o ocidente seja incompreendido por parte do Mundo Árabe. Como explicar que se defenda a igualdade, a liberdade e a fraternidade, mas só para alguns?

Assim é complicado...