domingo, maio 20, 2007

CML

Se não se tratasse do maior município do país, com todas as implicações que são óbvias, tanto ao nível da sua gestão efectiva como ao nível da imagem da politica que por cá se faz, todas estas questões em redor da câmara de Lisboa dariam para um argumento de filme de comédia (negra, claro, mas não por causa do candidato do PSD).

Primeiro foi Marques Mendes, depois de já se ter tornado claro há alguns meses que a situação era insustentável, veio dizer que era tempo de fazer cair a câmara e provocar eleições. Disse que tinha falado com o Presidente Carmona (mas não o da outra senhora), e que este teria concordado em demitir-se.

Não contando com o atraso de alguns meses, até aqui tudo bem. O que ninguém esperava era que Carmona Rodrigues decidisse que era altura de nos mostrar os dotes de cantor (porque os dotes de BTT não tinham impressionado) e convocado os jornalistas para interpretar a sua versão da conhecida canção “daqui não saio, daqui ninguém me tira”...

Mas enfim, lá se resolveu tudo, os vereadores demitiram-se e lá caíram os corpos gerentes da câmara. Não todos, porque o PSD quer assegurar que mantém o controlo sobre a próxima vereação e por isso decidiu que na assembleia municipal não se mexe. Esta decisão agradecem os elementos das mesas de voto, porque dessa forma só tem de contar um tipo de boletins...

Entramos assim na fase da escolha dos candidatos. E aqui é que entramos na verdadeira paródia.

Marques Mendes escolhe o actual presidente da câmara de Sintra para candidato. Fernando Seara, depois de ponderar, recusa. Mas quando se esperava que a principal razão para recusar fosse o respeito pelos seus eleitores de Sintra e o cumprir do mandato para o qual foi eleito, Seara apresenta “razões pessoais”. Imagino que as razões pessoais sejam não sair mais chamuscado com a derrota que o esperaria. Para Fernando Seara já bastam os puxões de orelhas da Unesco sobre o estado do palácio da Pena...

Sendo assim, o PSD escolheu uma figura menos conhecida do partido, Fernando Negrão, que como cargos mais importantes foi director da PJ, ministro da segurança social e juiz da comarca de Velas, em São Jorge. Quanto mais não seja, este candidato vai proporcionar aos órgãos de comunicação social excelentes títulos de notícias, utilizando o seu sobrenome.

Já o PS escolheu para candidato a segunda figura do governo, o ministro de estado e da Administração Interna (por oposição ao Ministério da Administração Externa), António Costa. De facto, António Costa tem muita experiência de autárquicas, como o demonstra a sua candidatura a Loures à uns anos, em que patrocinou uma corrida entre um Ferrari e um Burro na calçada de Carriche e na noite eleitoral festejou uma vitória que, contados todos os votos, acabou por ser da CDU.

Para substituir António Costa no governo foi escolhido Rui Pereira. Ora esta escolha demonstrou a coerência e sentido do dever tanto do Primeiro-Ministro como do próprio novo ministro, visto que Rui Pereira tinha sido eleito para o Tribunal Constitucional (indicado pelo OS) apenas à 2 meses.

Entretanto, verificou-se que Governadora Civil de Lisboa não queria independentes na corrida autárquica, porque foi tão célere a marcar as eleições que não respeitou os prazos estabelecidos na lei.
O curioso é que se não fosse o MPT a protestar junto do Tribunal Constitucional, a principal prejudicada por esta situação, Helena Roseta, também não ia a votos, visto que esta entregou o seu protesto fora de prazo... Portanto a Senhora Arquitecta Roseta bem pode agradecer ao MPT.

Ainda fruto desta decisão, Carmona Rodrigues, que parece que não se ia candidatar, afinal já vai... Ai está mais alguém que também poderá beneficiar do protesto do MPT, embora nada tenha feito para tal....

O líder do CDS, como resultado desta atrapalhação do Governo Civil, veio pedir a demissão da Governadora Civil, visto que esta não terá respeitado a lei. O que não deixa de ser engraçado, porque se o CDS achava que não teria sido respeitada a lei na decisão original, deveria ter apresentado queixa no Tribunal, e não vir comentar à posteriori. Mais um aproveitamento das queixas do MPT, que para partido pequeno até se mexe bastante bem...

Por falar em CDS, no seu congresso, Paulo Portas indicou, numa rápida entrevista à Antena1 as principais qualidades dos três possíveis candidatos a Lisboa, nomeadamente Luís Nobre Guedes, Teresa Caeiro e Telmo Correia. Ora as qualidades que apontou para o efectivo candidato (anunciado um par de horas mais tarde) foram as de “ser um excelente orador e conhecer bem Lisboa”. Pela experiência que tenho, 60% dos taxistas também poderiam ser candidatos a Lisboa pelo CDS.

Ainda ontem à noite ouvi na rádio a apresentação da candidatura do BE, liderada por Sá Fernandes. Tenho é dúvidas onde terá sido esta apresentação, visto que o seu discurso foi pontuado por palmas que pareciam vir de 3 ou 4 pessoas...

Só falta falar aqui uma candidatura, que não tem dado que falar. Mas neste caso, acho que manter um low profile é uma vantagem...

Ficamos assim ansiosamente à espera do dia 15 de Julho.

P.S.: Como poderão ver este post é pontuado com uma foto da própria CML. Esta foto não foi retirada de nenhum site, mas é apenas o inaugurar de uma nova fase do Matrecos, que tentará, sempre que possível incluir reportagem fotográfica dos acontecimentos. Esta fase já foi aliás iniciada no post acerca do 25 de Abril deste ano.

quarta-feira, maio 09, 2007

Pena suspensa

A sentença do Sargento Luís Gomes foi comutada de prisão efectiva para pena suspensa, o que significou que durante a tarde de hoje lhe foi restituida a liberdade, podendo abandonar o estabelecimento prisional de Tomar e colaborar activamente na transmissão à Esmeralda de uma nova realidade, em que não existe só um pai e uma mãe, mas algo mais complexo que será necessário ajudar a compreender e a aceitar.

O irónico desta notícia é que Luis Gomes foi libertado quando se encontrava a efectuar um tratamento de hemodiálise no Entrocamento, tratamento esse que é efectuado várias vezes por semana. Já agora, não poderiam também suspender-lhe essa pena?