sexta-feira, novembro 09, 2007

Català

Ando aqui nas ruas de Barcelona e oiço falar o catalão. Gosto de sentir que existe por aqui uma língua viva, que as pessoas usam normalmente. Que se usa como primeira língua com a naturalidade de quem foi criado com ela e que se ouve na televisão e na rádio. inclusivamente, assisto a diálogos entre falantes de catalão e de castelhano com semelhante naturalidade, cada um utilizando a sua língua, mas compreendendo-se ambos.

Francamente não esperava esta vitalidade, quem sabe por não estar devidamente informado. Mas é bom senti-la. Foi uma boa supresa.

Català, sil us plau!

España y los marroquies

Estou por estes dias em Barcelona, numa conferência internacional da Microsoft. Como gosto de fazer sempre que estou fora de Portugal, tenho visto a televisão local, tanto na sua versão Castelhana como na versão Catalã (é verdade, o catalão até se percebe se estivermos com atenção).

Assisti por aqui à polémica visita dos Reis de Espanha a Ceuta e Mellilla, com o fervor nacionalista nas cidades visitadas. É lógico, porque tendo Marrocos por vizinho, duvido que algum habitante dessas cidades queira ser marroquino. Se Ceuta e Mellilla fossem enclaves espanhóis na Alemanha, queria ver se existiria o tal fervor patriótico, tão enfatizado na TVE, a televisão da grande Espanha unida e indivisa.

Ao mesmo tempo, os Marroquinos protestavam do outro lado da fronteira contra a visita dos Reis, que apelidavam de inoportuna e de provocação. Pudera, ter duas cidades com o nível de vida europeu dentro do território de Marrocos é mesmo uma provocação...

Acontece que esta viagem concidiu com o aniversário da marcha verde, utilizada por Marrocos para ocupar o Saara Ocidental. Se pelo litoral entrava a marcha pacifica divulgada nos media, com milhares de pessoas esperando melhor vida mais a sul, pelo interior entrava o exército Marroquino, massacrando os Sarauis e combatendo a frente Polisario, com uma evidente desigualdade de forças. Esta marcha só foi possivel porque se aproveitou da péssima descolonização efectuada pelo regime espanhol Como tal, por aqui pouca ou nenhuma importância se deu ao acontecimento...

Soube também pelas televisões que os Marroquinos são a maior comunidade estrangeira em Espanha. O governo Espanhol marca posições, mas sem exagerar.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Quem diz a verdade...

Ouvi nos últimos dias umas declarações sem grande relevo mediático do nosso ministro da Saúde.

Em traços largos, Correia de Campos, quando questionado sobre o programa nacional de combate à obesidade, teve um daqueles momentos raros num membro do governo. Foi demasiado sincero. Sem querer, com certeza.

Ora Correia de Campos disse que o plano era algo que não seria de implementação rápida, mas que levaria algum tempo até estar no terreno, visto que envolvia várias áreas. Até aqui tudo bem. Mas, na sequência, informa que inclusivamente está a pensar nomear um director para o referido plano que não será "um de nós", mas alguém com capacidade organizativa, por estar fora da área politica.

Elucidativo, não?

terça-feira, outubro 16, 2007

Cowboys

Porque é que os polícias portugueses têm todos aquela mania de colocar os polegares no cinto? Será que Portugal é o Faroeste?

Se calhar até têm razão...

sábado, outubro 13, 2007

Mundo ao Contrário

O que mais me assusta no caso da visita dos policias ao sindicato dos professores na Covilhã é o facto de que os que mais atacam o governo por ter tiques salazaristas, são precisamente os partidos directamente herdeiros do salazarismo. Como provam as declarações do CDS (aqui) ou o discurso do novo líder do PSD, ontem à noite.


Dois dos partidos que mais têm pugnado (embora de uma forma subterrânea) pelo branqueamento do fascismo, e que contam ainda nos seus militantes com elementos que fizeram parte do staus quo salazarista, vêm agora acusar o PS de práticas semelhantes ao antigo regime.

Realmente, a verdade é o que nos convém, nem que para isso se coloque o mundo ao contrário...

sexta-feira, setembro 28, 2007

PLD

Shinzo Abe, o primeiro-ministro do Japão demitiu-se. Para lá dos casos de corrupção, foi prejudicado por dois factores: suceder à enorme popularidade de Junichiro Koizumi, o primeiro-ministro mais carismático do Japão dos últimos anos, e não ter sido eleito por voto popular para o cargo, uma vez que foi nomeado para o cargo após ter ganho eleições internas no PLD (Partido Liberal Democrata), motivadas pelo fim do mandato de Koizumi (que motivou também o fim do mandato deste como primeiro-ministro).

No PLD sucede que o mandato do presidente dura 3 anos enquanto o mandato de primeiro-ministro dura 4 anos. O que originou que Koizumi terminasse o seu mandato como líder do partido, e deixasse Abe como novo líder do governo Nipónico, sem que existissem eleições legislativas, mas apenas eleições internas no PLD.

No entanto sucessivos casos de corrupção (inclusive com o suicídio de um ministro) motivaram a derrota nas eleições para o Senado, no final de Julho, enfraquecendo cada vez mais a posição de Abe, que levaram à renúncia deste no passado dia 12, tendo sido substituído por Yasuo Fukuda, também novo líder do PLD em substituição de Abe.

Interessante é que o PLD detém o cargo de primeiro-ministro do Japão à 52 anos (apenas com excepção do período entre Agosto de 1993 e Janeiro de 1996). Se calhar se fosse em outro país, não seria considerada uma democracia...

sábado, setembro 08, 2007

McCanned Media

Tenho assistido aos últimos desenvolvimentos do caso do desaparecimento de Madeleine McCann. Não tenho opinião sobre as razões do seu desaparecimento. Essas razões serão apuradas e provadas por quem de direito. A polícia tem métodos de trabalho que devem ser respeitados e levados até ao fim.

No entanto, tudo o que rodeia este caso merece alguma reflexão. Foi criado pelo casal McCann um circo mediático que se alargou a uma dimensão mundial. Digo que foi criado pelo casal McCann, mas o que parece agora é que foi criado por alguém que lhes é exterior. A sua proximidade com o primeiro-ministro inglês, trouxe-lhes a possibilidade de serem apoiados pela diplomacia do seu país. Sabendo das dificuldades que existem para aceder ao mais alto nível do Vaticano, não é crível que um casal de Anglicanos consiga, de um momento para o outro, estar em contacto com o Papa. Foi esta uma das manifestações mais importantes para divulgar este caso a nível mundial.

Não sei se este apoio tem algum interesse para além do da simples amizade, nem quero pensar se existirão ou não também algumas ramificações comerciais relacionadas com o turismo.
O que me deixa neste momento a pensar é o facto de que, se este caso se tivesse passado à 10 anos, nunca teríamos ouvido falar destas movimentações de bastidores efectuadas pelas autoridades britânicas. De facto, talvez pudéssemos somente esperar que dali a algum tempo existisse alguma referência perdida num livro de memórias de um qualquer acessor do governo inglês.
Como este caso se passa actualmente, temos vindo a ser alertados para as suas diversas vertentes. Para isto muito tem contribuído os debates de fundo efectuados nas televisões de referência (RT e SIC) e a competência e discernimento dos comentadores e jornalistas neles presentes (descontando as caretas teatrais do José Rodrigues dos Santos).

Vivemos agora numa época mais esclarecida e com menos espaço para jogadas de bastidores, ou este é apenas um exemplo do que poderia ser um jornalismo com maiores possibilidades de elucidação do público e aclaração de outras áreas com maior influência na nossa vida, como a politica?

Infelizmente, confesso que me inclino para a segunda opção.

terça-feira, agosto 14, 2007

Nixon e Kissinger

O livro "Nixon and Kissinger: Partners in Power" (editado em Maio deste ano) conta-nos a relação entre o presidente Nixon e o seu principal conselheiro Henry Kissinger.

Especialmente interessante é a parte em que é versada a guerra do Vietname, nomeadamente o facto de que se sabia de antemão que a guerra era inviável e que não seria possível aos EUA ganhá-la. Mesmo assim, e por força de se saber que uma retirada iria comprometer objectivos eleitorais, prolongou-se o esforço de guerra, dando à morte milhares de americanos, vietnamitas, cambodjanos e laosianos.

Toda esta situação foi disfarçada, só se sabendo dela devido às gravações telefónicas que foi possível efectuar na altura.

Quantas mais situações de prejuízo óbvio para a população foram e são actualmente abafadas por motivos eleitorais e de manutenção do poder?

Seria óbvio ligar esta situação somente aos EUA, à situação de Bush e da sua absurda invasão do Iraque ou ao uso assustador que a sua administração faz do "Segredo de Estado", permitindo que qualquer informação que seja considerada melindrosa para a sua governação seja obliterada de olhares exteriores.

No entanto, o que é preocupante é que estas situações alastram pelas democracias europeias (supostamente diferentes da Americana) e que estas situações vão afastando cada vez mais as populações de contribuir para as sociedades participadas e politicamente inclusivas que seria necessário fomentar.

Estamos neste momento numa encruzilhada da história. E o que me assusta é que estamos a retomar caminhos que já foram trilhados e que não deram bons resultados. A população deve ser convidada a instruir-se, a perguntar, a participar nas escolhas. Só assim temos uma verdadeira democracia.

O problema é que a verdadeira democracia é algo que não interessa a alguém...

East Timor 2

Pois é, em Timor Leste, está consumada a dança de cadeiras. O PM passa a PR e o PR a PM, mesmo não ganhando as eleições.

As ordens dos tribunais não contam, a constituição de nada vale.

Interesses mais altos se levantam em Timor. E parece-me a mim que não serão propriamente os interesses do país...

quinta-feira, julho 19, 2007

East Timor

Existe em Timor-Leste um mandado de detenção para o major Alfredo Reinado, emitido pelos tribunais.

No entanto, ao arrepio dessa decisão judicial, o Presidente da República ordenou à Procuradoria-geral da República que emitisse salvo-condutos para o major e o seu grupo, de modo a que estes não fossem detidos.

Ontem, um dos magistrados a exercer funções em Timor-Leste, veio (a noticia pode ser lida aqui) renovar o mandado de captura, lembrando que o poder executivo não pode ter quaisquer ingerências no poder legislativos, visto que são poderes autónomos.

Esta situação, numa democracia estabelecida (mesmo em Portugal), seria considerada bastante grave e levaria, penso eu, à demissão tanto do Presidente como do Procurador-geral da República, nem que fosse por pressão da opinião pública. Acho inimaginável que um Presidente da República (ainda por cima Nobel da Paz) minimamente democrático tenha uma atitude deste tipo.

Depois do que se passou com o governo de Alkatiri, com a eleição de Ramos Horta para a Presidência da República e com a tentativa em curso de retirar o poder à Fretilin, mesmo tendo em conta a sua vitória eleitoral nas legislativas, este é mais um passo no sentido de colocar Timor-Leste na rota de se tornar cada vez menos independente e cada vez mais num protectorado Australiano. O comportamento das forças australianas face às portuguesas na altura dos conflitos em Dili é bem demonstrativo deste rumo.

segunda-feira, julho 16, 2007

Lisboa Pós Eleitoral

Depois da noite eleitoral intercalar de ontem, vários pensamentos me assaltaram o espírito.

O primeiro surgiu ao ouvir as declarações de Helena Roseta. Cheia de força e vitalidade, com ideias e abertura para o futuro. Fiquei a pensar que, se fosse ela a escolhida pelo PS, teríamos neste momento uma Presidente de Câmara com ideias válidas para um município aberto à população. Mas imagino que isso seja o que menos interessa agora ao governo da Câmara…

Depois, ao ver a festa de Carmona Rodrigues, fiquei desalentado. O povo de Lisboa não difere do de Felgueiras ou de Oeiras (nem seria de esperar que diferisse). Parece que têm gosto em votar nos que os roubam mais descaradamente. Deve ser algum complexo de justiça anti-media. O tipo de raciocínio enviesado que leva a defender os que são apontados pela justiça e colocados na berlinda pelos órgãos de comunicação. De outra forma, como se justifica eleger de novo Carmona ou Gabriela Seara? Fontão de Carvalho só não foi eleito porque era o último da lista (mas estava lá na festa, junto aos demais). E foi eleita outra figura sinistra do clientelismo político português que é Pedro Feist. Não me admira que sejam estes os “amigos” de que necessita António Costa para ter a sua maioria.

Senti nos aplausos a Carmona a alegria desmiolada de quem não sabe muito bem o que está a apoiar, mas está lá porque sim. Infelizmente este parece ser o lugar comum da política actual. O que me leva a outra pergunta. Será que a democracia actual sobreviveria com apoiantes questionantes e esclarecidos? Mas isso é outra história…

De qualquer forma, não esquecer que tanto Roseta como Carmona só conseguiram candidatar-se, porque o protesto do MPT foi colocado a tempo e horas no Tribunal Constitucional, o que obrigou a adiar as eleições uma semana. Porque antes disso Carmona não se ia sequer candidatar…

quinta-feira, junho 28, 2007

Zeca em Montevideo

Recebi recentemente um mail de Andrés Stagnaro, cantautor Uruguaio, contando-me com grande emoção que, na Plaza de Portugal, em Montevideo, capital do Uruguai, foi recentemente inaugurada uma placa homenageando Zeca Afonso.

É a primeira vez que um cantautor não uruguaio é homenageado dessa forma.

Conta-me o Andrés que, para ele, Montevideo é agora diferente. Tem passado por este local várias vezes e ainda não se cansou de lhe tirar fotografias.

É sabido que temos uma relação especial de longa data com o Uruguai. Sabemos agora que por lá existe um carinho especial por alguém que nos diz tanto e pelo que ele representa. Como se o mar que nos separa fosse atravessado nos compassos da liberdade cantada das suas duas margens.

quarta-feira, junho 27, 2007

Elogio?

George W. Bush, por ocasião da saída de Tony Blair do governo Inglês, veio a público dizer que o ex-primeiro ministro inglês é "um politico talentoso".

Ainda não sei se isto é ou não um elogio...

domingo, maio 20, 2007

CML

Se não se tratasse do maior município do país, com todas as implicações que são óbvias, tanto ao nível da sua gestão efectiva como ao nível da imagem da politica que por cá se faz, todas estas questões em redor da câmara de Lisboa dariam para um argumento de filme de comédia (negra, claro, mas não por causa do candidato do PSD).

Primeiro foi Marques Mendes, depois de já se ter tornado claro há alguns meses que a situação era insustentável, veio dizer que era tempo de fazer cair a câmara e provocar eleições. Disse que tinha falado com o Presidente Carmona (mas não o da outra senhora), e que este teria concordado em demitir-se.

Não contando com o atraso de alguns meses, até aqui tudo bem. O que ninguém esperava era que Carmona Rodrigues decidisse que era altura de nos mostrar os dotes de cantor (porque os dotes de BTT não tinham impressionado) e convocado os jornalistas para interpretar a sua versão da conhecida canção “daqui não saio, daqui ninguém me tira”...

Mas enfim, lá se resolveu tudo, os vereadores demitiram-se e lá caíram os corpos gerentes da câmara. Não todos, porque o PSD quer assegurar que mantém o controlo sobre a próxima vereação e por isso decidiu que na assembleia municipal não se mexe. Esta decisão agradecem os elementos das mesas de voto, porque dessa forma só tem de contar um tipo de boletins...

Entramos assim na fase da escolha dos candidatos. E aqui é que entramos na verdadeira paródia.

Marques Mendes escolhe o actual presidente da câmara de Sintra para candidato. Fernando Seara, depois de ponderar, recusa. Mas quando se esperava que a principal razão para recusar fosse o respeito pelos seus eleitores de Sintra e o cumprir do mandato para o qual foi eleito, Seara apresenta “razões pessoais”. Imagino que as razões pessoais sejam não sair mais chamuscado com a derrota que o esperaria. Para Fernando Seara já bastam os puxões de orelhas da Unesco sobre o estado do palácio da Pena...

Sendo assim, o PSD escolheu uma figura menos conhecida do partido, Fernando Negrão, que como cargos mais importantes foi director da PJ, ministro da segurança social e juiz da comarca de Velas, em São Jorge. Quanto mais não seja, este candidato vai proporcionar aos órgãos de comunicação social excelentes títulos de notícias, utilizando o seu sobrenome.

Já o PS escolheu para candidato a segunda figura do governo, o ministro de estado e da Administração Interna (por oposição ao Ministério da Administração Externa), António Costa. De facto, António Costa tem muita experiência de autárquicas, como o demonstra a sua candidatura a Loures à uns anos, em que patrocinou uma corrida entre um Ferrari e um Burro na calçada de Carriche e na noite eleitoral festejou uma vitória que, contados todos os votos, acabou por ser da CDU.

Para substituir António Costa no governo foi escolhido Rui Pereira. Ora esta escolha demonstrou a coerência e sentido do dever tanto do Primeiro-Ministro como do próprio novo ministro, visto que Rui Pereira tinha sido eleito para o Tribunal Constitucional (indicado pelo OS) apenas à 2 meses.

Entretanto, verificou-se que Governadora Civil de Lisboa não queria independentes na corrida autárquica, porque foi tão célere a marcar as eleições que não respeitou os prazos estabelecidos na lei.
O curioso é que se não fosse o MPT a protestar junto do Tribunal Constitucional, a principal prejudicada por esta situação, Helena Roseta, também não ia a votos, visto que esta entregou o seu protesto fora de prazo... Portanto a Senhora Arquitecta Roseta bem pode agradecer ao MPT.

Ainda fruto desta decisão, Carmona Rodrigues, que parece que não se ia candidatar, afinal já vai... Ai está mais alguém que também poderá beneficiar do protesto do MPT, embora nada tenha feito para tal....

O líder do CDS, como resultado desta atrapalhação do Governo Civil, veio pedir a demissão da Governadora Civil, visto que esta não terá respeitado a lei. O que não deixa de ser engraçado, porque se o CDS achava que não teria sido respeitada a lei na decisão original, deveria ter apresentado queixa no Tribunal, e não vir comentar à posteriori. Mais um aproveitamento das queixas do MPT, que para partido pequeno até se mexe bastante bem...

Por falar em CDS, no seu congresso, Paulo Portas indicou, numa rápida entrevista à Antena1 as principais qualidades dos três possíveis candidatos a Lisboa, nomeadamente Luís Nobre Guedes, Teresa Caeiro e Telmo Correia. Ora as qualidades que apontou para o efectivo candidato (anunciado um par de horas mais tarde) foram as de “ser um excelente orador e conhecer bem Lisboa”. Pela experiência que tenho, 60% dos taxistas também poderiam ser candidatos a Lisboa pelo CDS.

Ainda ontem à noite ouvi na rádio a apresentação da candidatura do BE, liderada por Sá Fernandes. Tenho é dúvidas onde terá sido esta apresentação, visto que o seu discurso foi pontuado por palmas que pareciam vir de 3 ou 4 pessoas...

Só falta falar aqui uma candidatura, que não tem dado que falar. Mas neste caso, acho que manter um low profile é uma vantagem...

Ficamos assim ansiosamente à espera do dia 15 de Julho.

P.S.: Como poderão ver este post é pontuado com uma foto da própria CML. Esta foto não foi retirada de nenhum site, mas é apenas o inaugurar de uma nova fase do Matrecos, que tentará, sempre que possível incluir reportagem fotográfica dos acontecimentos. Esta fase já foi aliás iniciada no post acerca do 25 de Abril deste ano.

quarta-feira, maio 09, 2007

Pena suspensa

A sentença do Sargento Luís Gomes foi comutada de prisão efectiva para pena suspensa, o que significou que durante a tarde de hoje lhe foi restituida a liberdade, podendo abandonar o estabelecimento prisional de Tomar e colaborar activamente na transmissão à Esmeralda de uma nova realidade, em que não existe só um pai e uma mãe, mas algo mais complexo que será necessário ajudar a compreender e a aceitar.

O irónico desta notícia é que Luis Gomes foi libertado quando se encontrava a efectuar um tratamento de hemodiálise no Entrocamento, tratamento esse que é efectuado várias vezes por semana. Já agora, não poderiam também suspender-lhe essa pena?

domingo, abril 22, 2007

Primavera Popular

Paulo Portas tem razão. De facto as directas disputadas no seu partido foram efectivamente «a primavera do CDS».

É que com estas directas, voltaram ao partido as florzinhas...

segunda-feira, abril 02, 2007

Bohémia

Ainda não percebi quem é a fadista gorda que está no anúncio da cerveja Bohémia...

quarta-feira, março 21, 2007

Santa Comba

Discute-se nestes dias a criação em Santa Comba Dão de um museu dedicado à memória do ditador António de Oliveira Salazar. Uns radicalmente contra, temendo a criação de um altar para devoção ao fascismo. Outros radicalmente a favor, querendo a criação de um altar para devoção ao fascismo. Parece redundante, mas é verdade.

No meio está a virtude diz o povo (e a via do meio dos budistas) e tem razão.

Existirão de certeza documentos interessantes no acervo de salazar que deverão ser trazidos a público. E tal como documentos, deverão existir objectos pessoais e pormenores da sua vida que será interessante conhecer.

Nesse sentido, o museu de salazar deveria servir antes de mais como informação sobre o individuo nas suas virtudes e defeitos. Em primeiro lugar para humanizar o mito. Talvez vendo os seus objectos pessoais como a cadeira, a cama ou o penico, se verificasse que era um homem igual aos outros. Tal como tantos ditadores pelo mundo fora.

Noutra vertente este museu deveria também servir como divulgador dos principais legados de salazar ao seu país, nomeadamente a opressão, a tortura, a censura, a perseguição política, o colonialimso ou o corporativismo, entre muitos outros.

Ainda outro aspecto positivo seria a dinamização turistica de uma localidade do interior, com a passagem de visitantes para o museu.

Por estas razões, seria de todo positivo a criação do referido museu. Mas nunca nos moldes em que o mesmo está prestes a ser criado.

segunda-feira, março 12, 2007

Bem prega Frei Tomás...

Mesmo estando no lugar à apenas um ano, o ocupante do palácio de Belém decidiu editar um livro de estilo da presidência, de modo a definir o que ele pensa que deverá ser a acção do Presidente da nação.

É um acto arriscado, pois irá obrigar todo o resto do seu mandato ao que deixar escrito nesse livro, desde que o autor se obrigue à palavra dada. A este propósito diz o Sr. Silva (tratamento que lhe foi carinhosamente dado a partir da pérola do atlântico) que cabe aos políticos portugueses ter a noção de que a palavra dada é para ser cumprida. E é verdade. Mas só para alguns.

Ora, o Sr. Silva decidiu esquecer que a palavra é para ser cumprida, e sancionar todos os desmandos e demagogias do Sr. Jardim da Madeira.
Decidiu que basta uma birra típica de um menino para se convocarem eleições antecipadas.
Decidiu que não há problema em gastar 5 milhões de euros por ano num jornal com a tiragem mínima e a qualidade pobre do Jornal da Madeira e depois se reclamar que baixaram o orçamento para a Região Autónoma.
Decidiu que o Sr. Jardim vai poder fazer inaugurações de obras até ao final do mês, ignorando o facto de ser um governo de gestão.
Decidiu ignorar que existe uma maioria absoluta sólida na Assembleia Regional com todas as possibilidades de ser reconduzida em funções.
Decidiu esquecer que o Sr. Jardim falta regularmente às reuniões de Conselho de Estado quando estas são convocadas e está presente quando é discutida a situação na Madeira, em que se devia obviamente, abster de participar.

Gostava de saber se este é o livro de estilo do Presidente da República, ou se apenas se irá lembrar de o implementar conforme as necessidades...

sexta-feira, março 09, 2007

Efeméride

Segundo a Wikipedia, no dia 9 de Março (hoje) de 1500, a armada de Pedro Álvares Cabral partiu de Lisboa rumo a Calecute, descobrindo a meio da viagem o Brasil, território já português desde o Tratado de Tordesilhas de 1494.

Sobre esta efeméride surgem-me dois pensamentos...

O primeiro é o de que o Brasil foi descoberto por acaso.

O segundo é o de que ainda não sei se esta é uma efeméride a comemorar ou não.

quarta-feira, março 07, 2007

Jornalismo à Portuguesa

Estive agora mesmo a ouvir a Antena1 e no jornal de desporto ouvi mais um exemplo do que é actualmente o jornalismo em Portugal...

No principio da notícia o jornalista informa de que o Pauleta gostaria de ter jogado no Benfica, mas que agora é impossível, já que deve acabar a carreira no Paris Saint-Germain.

Ficamos a pensar que o jogador tem uma grande paixão pelo Benfica e com um desejo antigo de ser uma rubra papoila saltitante, com prejuízo de todos os outros clubes nacionais (nacionais? mundiais!).

Eis senão quando se ouve as declarações do jogador e, espanto dos espantos, ele diz que gostaria de ter jogado num dos clubes grandes e que entres grandes se encontra o Benfica... Ou seja, não tem nenhuma preferência particular pelo Glorioso.

Ora, para além de uma grande clarividência por parte do Pauleta, a forma como esta notícia foi colocada demonstra uma tendência crescente no nosso jornalismo para transformar declarações inócuas em declarações importantes.

É preocupante esta tendência, pois se neste caso é pouco importante, em outros casos mais importantes para o país vive-se uma tendência para um histerismo jornalismo em busca de casos onde eles não existem...

Parece que estamos mergulhados num jornalismo cor-de-rosa aplicado a todas as áreas da nossa sociedade. Tudo é motivo para encher tempo de rádio, de TV, ou páginas de jornais.

Será que nas redacções por este país mediático fora, já deixou de se praticar um dos maiores pilares do jornalismo que é o bom senso?

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Aborto Madeirense

O presidente do Governo Regional da Madeira veio no passado dia 16 dizer que os portugueses "não têm testículos" para dizer que o referendo não é vinculativo.

É bom dizer as coisas apenas quando nos convém. É bom poder dizer que este referendo foi um fracasso para o regime político, mas esquece-se de dois factos importantes:
  • Neste referendo votaram mais 1 milhão e cem mil pessoas que no anterior (mais concretamente 1 140 143 pessoas).
  • No referendo de 1998, os cadernos eleitorais tinham sido "limpos" muito pouco tempo antes. Aliás, tinha sido uma condição para o referendo, tendo em vista o carácter vinculativo da abstenção. Neste referendo não foi efectuada essa acção. Aliás, estima-se que os eleitores "fantasmas" rondem os 5%.

De facto, o referendo não foi vinculativo. De facto, o referendo, em termos legais, vale o mesmo que o de 1998. Mas engana-se o senhor Presidente da RA Madeirense. Este facto não tem sido omitido. Tem sido sim repetidamente afirmado pela mesma categoria de pessoas que se esqueceu de o afirmar em 1998. Pessoas que na altura não tiveram "testículos" para tal. Como ele.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

As Armas do Amor

Desarmem
os campos minados da ignorância
onde se infiltra friamente
o preconceito, esse sim, fatal, letal, brutal
e não há senso que lhe valha
o preconceito desempalha
animais incongruentes
atacando pela trilha
de uma ilha outrora virgem
Aparência da virtude
O preconceito nunca falha
flecha certeira
na esteira
da inocência
aparência de virtude
E por mais que se escude
na justificação pseudo-ética
cosmética, caquética
do seu valor de guardião das morais
vitais pra lá do ano 2000
o preconceito não tem estado civil
é casado com a morte
divorciado da vida
é viúvo de si mesmo
é solteiro e por junto separado
suicida

Desarmem o preconceito!

Armem por favor as armas do amor
amor no sentido primeiro e secular
armem o mar
armem o vento p'ro uso depois
vão e regressem depois
mas por quem sois
mas por quem sois
armem as armas do amor
armem as armas do amor
armem as armas do amor
armem por favor
as armas do amor

Desarmem
as metralhadoras côr-de-cinza
que defendem
a condescendência
cautelosa, lacrimosa
das decisões oficiais
carimbadas despachadas
e só por isso legais
mas que vão milhas atrás
das atrozes realidades
que o corpo grita
e a alma berra
A condescendência não desferra
No cofre forte onde se encerra
a planificação ponderada
de um problema complexo
há soluções de fachada
2 mil mortos perfilados na parada
há palestras sobre sexo
é um problema complexo
nosso dano se ninguém resolve nada
ano após ano
2 mil mortos perfilados na parada
1 por ano
nossa escada em caracol para o nirvana

Desarmem a condescendência!

Armem por favor as armas do amor
amor no sentido primeiro e secular
armem o mar
armem o vento p'ro uso depois
vão e regressem depois
mas por quem sois
mas por quem sois
armem as armas do amor
armem as armas do amor
armem as armas do amor
armem por favor
as armas do amor

Desarmem
a pose altiva
emproada gargalhada
que veste a incompetência
incipiência
disfarçada de suma
sabedoria
quem diria
quem diria que debaixo de uma
só alegoria
tanto exemplo existiria
Exemplos de incompetência
são aos montes, são às serras
impossíveis de escalar
passos vãos, inúteis guerras
A incompetência é incapaz de se olhar
o cadáver inocente
é olhado pelo soldado incontinente
pelo menos é um olhar
a incompetência, nem pensar
nem pensar
em juntar o resultado à vontade
o sonhado
à realidade
e do real
partir para a utopia
menos mal
assim seria
menos mal

Desarmem a incompetência!

Armem por favor as armas do amor
amor no sentido primeiro secular
armem o mar
armem o vento p'ro uso depois
vão e regressem depois
mas por quem sois
mas por quem sois
armem as armas do amor
armem as armas do amor
armem as armas do amor
armem por favor
as armas do amor

Desarmem
a boa consciência arrogante
altissonante, complacente
da intolerância religiosa
da intolerância civil
da intolerância, tanto faz
desdenhosa e incapaz
de intuir na diferença
a trave-mestra desta vida
sal da vida
A intolerância é uma água envenenada
rota em jorros mas dos gritos
só sai água silenciosa
a mais perigosa
engrossa rios, traz detritos
traz a caixa das esmolas
flutuando já tombada
penetra casas e escolas
leva livros
ditos sagrados
mas levados
mais à letra
que a própria letra
das suas margens
e assim pondo-se à margem
dos próprios rios sagrados

Desarmem a intolerância!

Armem por favor as armas do amor
amor no sentido primeiro e secular
armem o mar
armem o vento pro uso depois
vão e regressem depois
mas por quem sois
mas por quem sois
armem as armas do amor
armem as armas do amor
armem as armas do amor
armem por favor
as armas do amor