sexta-feira, junho 30, 2006

Cansaço

Por trás do espelho quem está
De olhos fixados no meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao Deus dará
Deixando os olhos nos meus.

Quem dorme na minha cama
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama
E lá de longe me chama
Misturado nos meus sonhos.

Tudo o que faço ou não faço
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim.

sexta-feira, junho 16, 2006

Dislexia

Repórter da Antena1 reporta em directo do primeiro treino de Portugal em Frankfurt, com vista ao jogo com o Irão:

- Cristiano Ronaldo está a treinar, sorridente, no círculo central, com as Calceiras Chutadas.

Pensei que poderia estar meio ensonado e ter ouvido mal, mas foi isso mesmo que ele disse... E lá continuou a reportagem sem se dar conta.

sexta-feira, junho 09, 2006

al-Zarqawi

O primeiro-ministro Iraquiano (bem acompanhado pelo embaixador Americano e pelo comandante das forças Americanas no Iraque) declarou que Abu Musab al-Zarqawi foi morto pelas forças norte-americanas.
 
Segundo Nuri al-Maliki, al-Zarqawi foi morto juntamente com sete colaboradores numa casa próxima da cidade rebelde de Baquba, a sudeste da província de Diala, 65 km a noroeste de Bagdad.

al-Maliki disse ainda que a morte de al-Zarqawi e dos seus colaboradores resultou de um ataque aéreo norte-americano, após informações sobre a sua localização dadas aos serviços iraquianos por residentes na zona.

O primeiro-ministro acrescentou que “O que se passou hoje é o resultado da cooperação do povo iraquiano, que facilitou uma operação combinada das forças da polícia e da força multinacional”, não se coibindo de agradecer “Obrigado às forças de segurança, à polícia e ao exército, obrigado à força multinacional pelo que fizeram para combater o terrorismo”, ou de ameaçar novos candidatos ao lugar “Sempre que aparecer um novo al-Zarqawi, nós vamos matá-lo”.

Sucedem-se as manifestações de regozijo pelo facto, nomeadamente de Tony Blair (“É uma notícia muito boa”), ou do embaixador americano no Iraque (“um grande êxito para o Iraque”).

al-Zarqawi, líder da al-Qaeda no Iraque, era o terrorista mais procurado no país, por ser considerado responsável pela campanha sangrenta de bombistas suicidas no país, raptos e degolação de reféns. É ainda considerado responsável pelos recentes atentados na Jordânia.

Um criminoso deve pagar pelos seus crimes. Essa é a base da nossa sociedade. Aliás, em graus diferentes de crueldade, é a base de todas as sociedades humanas. Mas na base da civilização está também a impossibilidade de se fazer justiça pelas próprias mãos. A justiça, por mais óbvia que seja (como é o caso), deve ser aplicada por tribunais mandatados para o efeito, garantindo a imparcialidade e frieza na hora de decidir a pena.

Neste caso em particular, sei que seria quase impossível trazer al-Zarqawi a um tribunal para ser julgado, visto que foi a partir de uma situação de guerra que se gerou a sua morte.

Só me espanta a alegria demonstrada pelas potências Americana e Inglesa. Os principais representantes da democracia ocidental no caos Iraquiano deveriam, quando muito, exibir alguma consternação, uma vez que não foi possível trazer um criminoso para ser julgado e confrontado com os seus crimes. Só assim reforçariam a força do poder judicial na nossa sociedade.

Pela forma como comemoraram esta morte apenas demonstraram a falta de respeito que da sua parte actualmente existe pelo cumprimento de normas elementares à vida em sociedade, e a impunidade de que dispõem (pior ainda, a impunidade que interiorizaram) para aplicar quaisquer medidas que julguem necessárias, por mais contrárias que sejam ao estado de direito em que deveríamos viver.

terça-feira, junho 06, 2006

Democracia, a quanto obrigas!

Estou a escrever a quente sobre as declarações de João Jardim sobre a aplicabilidade da nova lei das incompatibilidades de cargos públicos na Madeira.

João Jardim, diz que não sabe "se Portugal Continental ou o estado central ainda têm barcos de guerra para ocupar a ilha", por forma a aplicar a lei. Afirma ainda que a referida proposta lembra a "cultura própria da PIDE de perseguir, vigiar e bufar sobre outros".

Só gostaria de saber como se comportaria João Jardim, ou alguém da sua pandilha de democratas agarrados ao poder, nas garras dos carrascos da PIDE. Como se comportariam eles dias a fio em pé, sem dormir. Como suportariam eles torturas psicológicas das mais variadas, aprendidas aliás dos amigos americanos.

Não suportariam. Ou nem levantariam ondas, deixando-se estar quais ratazanas aproveitando a corrente, aproveitando as benesses de um estado submetido aos interesses económicos de uns poucos barões... Porque é isso que acontece actualmente na Madeira.

Não quero que Portugal Continental obrigue a Madeira a aceitar qualquer tipo de legislação. Aliás, não quero que aceitem nada. Nem as dotações orçamentais que crescem de ano para ano, para que o Governo Regional dê um ar de quem defende a sua região, defendendo apenas as suas clientelas.

Os miúdos de rua que vivem nas grutas e barracas dos arredores do Funchal agradeceriam um apoio que valesse uma pequena percentagem de algum viaduto que tanto enche os olhos aos turistas do continente...

Actualmente é moda nos politicos americanos chamar nazi a torto e a direito, conforme não se concorda com alguma declaração ou proposta.
Para quem, na sua governação autocrática (e nos seus acessos de ironia acirrada contra quem lhe paga as despesas) enche a boca por ter sido eleito repetidamente com maioria absoluta, só lhe posso relembrar uma coisa... Hitler também foi eleito pelo povo...

segunda-feira, junho 05, 2006

Tabaco

Estive a ler a proposta de lei para a legislação sobre o tabaco, elaborada pelo ministério da saúde, que irá ser apresentada proximamente pelo governo à Assembleia da república. Espera-se que esteja em vigor no início de 2007. Os principais tópicos da legislação, bem como um link para o próprio projecto de lei podem ser encontrados aqui.

O que será o artigo 3 da futura lei, indica quais os locais onde não será possível fumar, incluindo:

  • Nos locais de trabalho, com excepção das áreas ao ar livre, em termos a definir em sede de contratação colectiva, no âmbito da segurança e saúde no trabalho;
  • Nos estabelecimentos de restauração ou de bebidas, incluindo os que possuam salas ou espaços destinados a dança, com excepção das áreas ao ar livre;
  • Nos estabelecimentos hoteleiros e outros empreendimentos turísticos, com excepção das áreas ao ar livre;
  • Nos centros, galerias e grandes superfícies comerciais, e estabelecimentos comerciais de venda ao público, com excepção das áreas ao ar livre;
  • Nas cantinas, nos refeitórios e nos bares de entidades públicas e de empresas, destinados exclusivamente ao respectivo pessoal;

O que significa que não será mais possível fumar em recintos fechados de frequência pública (locais de trabalho, cafés, restaurantes, hotéis, centros comerciais, hipermercados).... Fumar só dentro de casa ou ao ar livre…

Para que não haja dúvidas, a lei define recintos fechados como "todo o espaço limitado por paredes, muros ou outras superfícies e dotado de uma cobertura". Ou seja, não importa se seja um open space ou um espaço com divisórias. O fumo propaga-se e portanto é proibido fumar.

Por exemplo, as máquinas de venda automática têm os dias contados…. Em quatro anos vão acabar.

A dependência do tabaco é uma toxicodependência provocada pelas empresas tabaqueiras. Como exemplo, o fumo do tabaco que, pela sua densidade, normalmente só atingiria os brônquios, agora, fruto da investigação da indústria, atinge os bronquíolos e até os capilares do pulmão.

Dessa toxicodependência sofrem inconscientemente muitos fumadores, conforme se pode verificar pelas dificuldades extremas reveladas pela esmagadora maioria daqueles que tentam deixar de fumar. Os fumadores argumentam que se sentem incomodados porque lhes cerceiam a possibilidade de saciar o vício em qualquer local que desejem, arvorando-se assim em defensores da liberdade de expressão, contra o fascismo da repressão.

Só não percebem é que a sua liberdade de fumar se transforma numa ditadura que obriga os que estão mais próximos a inalar substâncias que, pela sua agressividade e persistência, lhes irão causar diversos problemas de saúde.

Num país de brandos costumes esta poderá ser considerada uma argumentação excessiva. Mas quando se trata de algo que nos prejudica gravemente a saúde, não podemos ter meias medidas.

Se eu detonar uma granada na minha mão e perguntar a alguém se quer ficar ao meu lado, tranquilamente, a apanhar com os seus estilhaços, ninguém o vai aceitar. Provavelmente porque os efeitos do rebentamento de uma granada são imediatamente visíveis e de grande impacto emocional.

Pois bem, depois de saber os efeitos devastadores que o fumo do tabaco provoca em todos os seus fumadores (activos ou passivos), eu não quero ficar tranquilamente a ser atingido pelos seus estilhaços.

Espero que haja uma efectiva disponibilidade política para aprovar esta lei. E ainda mais disponibilidade para a aplicar.

O Mundo de Sofia

Sim, já sei que o livro que ando a ler agora (que podem verificar no lado direito do site) é suposto ser para adolescentes...

Mas que querem? Tenho algumas falhas no que toca a conhecimentos sobre filosofia e acho que nunca é tarde para aprender e/ou sistemtizar conhecimentos....

Já sei algumas coisas... Quando acabar o livro espero conseguir compreender os programas do Carlos Magno e de Amaral Dias na Antena1...