sexta-feira, junho 09, 2006

al-Zarqawi

O primeiro-ministro Iraquiano (bem acompanhado pelo embaixador Americano e pelo comandante das forças Americanas no Iraque) declarou que Abu Musab al-Zarqawi foi morto pelas forças norte-americanas.
 
Segundo Nuri al-Maliki, al-Zarqawi foi morto juntamente com sete colaboradores numa casa próxima da cidade rebelde de Baquba, a sudeste da província de Diala, 65 km a noroeste de Bagdad.

al-Maliki disse ainda que a morte de al-Zarqawi e dos seus colaboradores resultou de um ataque aéreo norte-americano, após informações sobre a sua localização dadas aos serviços iraquianos por residentes na zona.

O primeiro-ministro acrescentou que “O que se passou hoje é o resultado da cooperação do povo iraquiano, que facilitou uma operação combinada das forças da polícia e da força multinacional”, não se coibindo de agradecer “Obrigado às forças de segurança, à polícia e ao exército, obrigado à força multinacional pelo que fizeram para combater o terrorismo”, ou de ameaçar novos candidatos ao lugar “Sempre que aparecer um novo al-Zarqawi, nós vamos matá-lo”.

Sucedem-se as manifestações de regozijo pelo facto, nomeadamente de Tony Blair (“É uma notícia muito boa”), ou do embaixador americano no Iraque (“um grande êxito para o Iraque”).

al-Zarqawi, líder da al-Qaeda no Iraque, era o terrorista mais procurado no país, por ser considerado responsável pela campanha sangrenta de bombistas suicidas no país, raptos e degolação de reféns. É ainda considerado responsável pelos recentes atentados na Jordânia.

Um criminoso deve pagar pelos seus crimes. Essa é a base da nossa sociedade. Aliás, em graus diferentes de crueldade, é a base de todas as sociedades humanas. Mas na base da civilização está também a impossibilidade de se fazer justiça pelas próprias mãos. A justiça, por mais óbvia que seja (como é o caso), deve ser aplicada por tribunais mandatados para o efeito, garantindo a imparcialidade e frieza na hora de decidir a pena.

Neste caso em particular, sei que seria quase impossível trazer al-Zarqawi a um tribunal para ser julgado, visto que foi a partir de uma situação de guerra que se gerou a sua morte.

Só me espanta a alegria demonstrada pelas potências Americana e Inglesa. Os principais representantes da democracia ocidental no caos Iraquiano deveriam, quando muito, exibir alguma consternação, uma vez que não foi possível trazer um criminoso para ser julgado e confrontado com os seus crimes. Só assim reforçariam a força do poder judicial na nossa sociedade.

Pela forma como comemoraram esta morte apenas demonstraram a falta de respeito que da sua parte actualmente existe pelo cumprimento de normas elementares à vida em sociedade, e a impunidade de que dispõem (pior ainda, a impunidade que interiorizaram) para aplicar quaisquer medidas que julguem necessárias, por mais contrárias que sejam ao estado de direito em que deveríamos viver.

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