terça-feira, novembro 30, 2010

Direita Chic?

Entrevistado por Maria Flor Pedroso, no programa da Antena1 "Rádio República" (programa excelente, já agora), Jaime Nogueira Pinto, "esclarecido" direitista (diz-se liberal em politicamente correcto, não é?) da nossa praça dissertava sobre as diversas figuras da revolução republicana.
Em certo ponto, JNP comparava não sei que figura daquele tempo como sendo um "Ké Guevara".
Não tendo percebido bem (como acho que 90% dos ouvintes), Flor Pedroso perguntou "quem?".
JNP voltou a insistir na provocação "Ké Guevara", da qual não houve continuação por parte da entrevistadora.
Ora, se em Castelhano, tal como em Português, "Ché", se lê como se escreve (aproximadamente "Txé", só podemos concluir uma coisa:
Por debaixo de uma capa de pseudo-direita-cool, JNP não passa de um ressabiado.

domingo, novembro 14, 2010

Esquizofrenia Vermelha (e Verde?)

Este assunto já foi escrito por várias pessoas, e não se trata de uma critica gratuita, mas antes de uma reflexão que venho a maturar já há alguns anos. Tenho evitado escrever sobre futebol, mas acho que este assunto vai para além do pontapé-na-bola, e diz algo sobre a nossa sociedade em geral.
Reportando-nos aos últimos anos, a massa de adeptos do benfica tem tido comportamentos interessantes. Quando a época começa, o entusiasmo é geral, a equipa é a melhor do mundo e "este (esse) ano é que é". Todas as chamadas para assentar os pés na terra são despachadas como sendo heresias perigosas. Depois, com o avançar da época e os primeiros desaires, o desânimo instala-se, os jogadores são os piores do mundo, o treinador não presta e cedo lhe dão guia de marcha (pelo menos afectivo) para ir pregar para outra freguesia.
É uma atitude entendível, mas fosse a velocidade com que passam do 80 para o 8, às vezes no espaço de tempo que leva uma bola a bater na trave.
Outras vezes, como no ano passado, a equipa começa bem e continua a jogar bem, produzindo grandes resultados e exibições. Aí, o entusiasmo mantém-se e transforma-se em empáfia. Qualquer palavra sobre futebol acaba com a frase "carrega, benfica". Todos os adversários são menosprezados e tratados com o desprezo de quem se acha com o direito divino a ganhar. Dizem-se coisas impensáveis e, pior que isso, fazem-se. O clube lá ganha o campeonato, faz-se a festa nacional e internacional e lá se acalmam as hostes.
A euforia transporta-se para a época seguinte, como esta época, e os adeptos julgam-se que a equipa é já a melhor do mundo, capaz de ombrear com qualquer tubarão europeu. Os sonhos agigantam-se e pensam já em ganhar a Liga dos Campeões. Até que a época a sério começa e novamente, aos primeiros dissabores, as coisas afinam. Os mesmos jogadores e o mesmo treinador que na época anterior eram os melhores do mundo, passam a ser dispensáveis e a precisar de ser trocados. As coisas pioram quando se é goleado por um rival. Aí, até o treinador que até há pouco tempo encarnava a mística benfiquista, passa a ser suspeito de estar ao serviço do tenebroso presidente adversário. O estado de espírito chega ao mínimo possível.
Eis senão quando, passando uma semana, basta jogar em casa com a pior defesa do campeonato e tudo volta ao entusiasmo generalizado. Os adjectivos de "Mágico" e "Maravilhoso" voltam a ser empregues sem travão.
O impressionante desta montanha-russa de emoções é que representam um estado de espírito de um grupo sem qualquer tipo de confiança na instituição que o representa. Que é mais ou menos o que acontece em Portugal. Oram façam lá a reflexão...