terça-feira, fevereiro 22, 2005

Eleições

O PS ganhou as eleições com maioria absoluta. Há algumas coisas que me apetece dizer sobre isso:

  • O Presidente da República teve razão. Os eleitores estavam fartos de Santana Lopes. E de Durão Barroso... Teve razão ou manobrou bem com os seus poderes...
  • Os advogados saíram derrotados. Dos cinco líderes concorrentes, somente os advogados registaram quedas.
  • Toda a esquerda subiu. Tratou-se de um fenómeno estranho, visto que tem acontecido que, quando existe uma concentração de votos no PS, existe uma queda nas forças à sua esquerda (nomeadamente a CDU). Neste caso, os votos do PS vieram do centro e da direita. O que me leva à questão de quem realmente elegeu o Eng. Sócrates. Não foi a esquerda, pois esta continuou ( e aumentou) a sua votação na CDU e no BE.
    Portanto, não se espere que exista uma governação à esquerda. Especialmente com a Maioria Absoluta (assim, com letras grandes). Quem elegeu a Maioria Absoluta do PS foram o centro e a direita.
  • Para a direita foi uma derrota. Estrondosa.
  • Para a esquerda foi uma vitória. Amarga.
  • A governação será feita ao centro. O que quer que isso seja. Uma terra de ninguém em termos ideológicos que deveria ser uma convergência de ideias, mas que geralmente se traduz numa ausência de iniciativas. Ao centro está o Partido Humanista...
  • João Jardim continua ridículo.
  • Os outros vencedores das eleições foram o MPT e o PPM. Sem fazer campanha (quase como o PS), ganharam grupos parlamentares. Uma montra para as suas ideias. Obrigado, Pedrinho.
  • PS e PSD têm 73,74% dos votos entrados nas urnas. O restante parlamento tem 21,21%. Ficaram de fora 2,13%. Mais 1,81% de votos em Branco e 1,12% de votos nulos. Temos assim a ideia de que o parlamento representa a maioria esmagadora da população. Mas também de que 3 em cada 4 Pessoas votaram nos dois maiores partidos. Sinal de que somos definitivamente um povo de carneirinhos...
  • Ficou na minha memória a frase da mais recente coqueluche da política portuguesa. Cara bonita, jovial, sorriso aberto, verbo fácil. “Hoje é um dia de comemoração. Dizemos adeus a Santana Lopes”.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Meias Tintas & Brandos Costumes

O nosso povo é uma coisa estranha...
Ontem ouvi Francisco Louçã dizer que tinha sido infeliz ao dizer algo que que seria aplicável a qualquer homem, mas que foi dito a Paulo Portas e, como tal, assumiu um significado especial pelas razões que todos sabemos que existem mas que ninguém quer assumir que existem.
Ou seja, foi algo perfeitamente normal (embora um pouco descabido por Louçã ser também um homem), mas como foi dito à personagem a quem foi dito é um assunto que deve ser tratado com pinças e de esguelha.
Na Antena1, o psicólogo Carlos Amaral Dias quis falar disto, mas Carlos Magno cortou-lhe o verbo repetidamente. "por questões de Cavalheirismo, não vamos falar desse assunto", disse. Ou seja, ficou no ar o motivo, mas sem concretizar.
O facto de todos os orgãos de comunicação social não concretizarem que a "boca" de Louçã se deve à orientação sexual de Paulo Portas, só revela o que somos enquanto povo.
A ousadia particular é substituida pela cobardia pública. Os dichotes contundentes em privado (ou em semi-privado) são trocados pelas meias palavras.
Não se deve dizer que se disse algo em público sobre algo que é voz corrente em privado, mas deve-se sim pedir desculpa por se ter tentado dizer o que não se disse, sem dizer o que se tentou dizer.
Complicado? Portugueses.