terça-feira, fevereiro 01, 2005

Meias Tintas & Brandos Costumes

O nosso povo é uma coisa estranha...
Ontem ouvi Francisco Louçã dizer que tinha sido infeliz ao dizer algo que que seria aplicável a qualquer homem, mas que foi dito a Paulo Portas e, como tal, assumiu um significado especial pelas razões que todos sabemos que existem mas que ninguém quer assumir que existem.
Ou seja, foi algo perfeitamente normal (embora um pouco descabido por Louçã ser também um homem), mas como foi dito à personagem a quem foi dito é um assunto que deve ser tratado com pinças e de esguelha.
Na Antena1, o psicólogo Carlos Amaral Dias quis falar disto, mas Carlos Magno cortou-lhe o verbo repetidamente. "por questões de Cavalheirismo, não vamos falar desse assunto", disse. Ou seja, ficou no ar o motivo, mas sem concretizar.
O facto de todos os orgãos de comunicação social não concretizarem que a "boca" de Louçã se deve à orientação sexual de Paulo Portas, só revela o que somos enquanto povo.
A ousadia particular é substituida pela cobardia pública. Os dichotes contundentes em privado (ou em semi-privado) são trocados pelas meias palavras.
Não se deve dizer que se disse algo em público sobre algo que é voz corrente em privado, mas deve-se sim pedir desculpa por se ter tentado dizer o que não se disse, sem dizer o que se tentou dizer.
Complicado? Portugueses.

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