sábado, março 11, 2006

Freitas

O nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros optou recentemente por produzir declarações relacionadas com as relações da europa com o mundo árabe.

Primeiro foram as declarações infelizes em que submetia a liberdade de expressão à tentativa de acalmar as reacções inflamadas dos líderes religiosos islâmicos.

Agora veio, a meu ver, colocar o dedo numa ferida antiga que é a dualidade de critérios da Europa em relação aos comportamentos Israelitas e Árabes.

Segundo o Ministro, temos uma situação de «dois pesos e duas medidas» por parte do Ocidente no caso do conflito do Médio Oriente.

Segundo o seu exemplo, "O ministro da Defesa da Palestina afirmou recentemente que, dadas determinadas condições, poderiam assassinar um dirigente israelita, o que foi objecto de condenação universal e muito bem. Depois, o ministro da Defesa de Israel disse a mesma coisa de um dirigente da Palestina e ninguém condenou, o que acho mal».

É claro, que vieram logo a terreiro os arautos da defesa incondicional dos interesses israelitas (ou seja, americanos), bradando que o MNE não sabe o que diz...

Acho que, neste caso em particular, ele sabe o que diz. Existe uma protecção total da Europa em relação aos crimes praticados pelo estado de Israel, dos quais os citados assassínios sumários e selectivos são a sua face mais visível.

Como exemplo, num programa semanal da Antena1 perguntava-se ao painel de comentadores porque razão podia Israel ter armamento atómico e o Irão não. Perguntava-se mesmo se alguém se "atrevia" a dizer a razão que todos sabiam. e um comentador "atreveu-se". As duas razões apresentadas personificam os dois pesos e as duas medidas referidas pelo MNE. Dizia esse comentador que Israel tinha um governo eleito e que respeitava (penso que utilisou o termo "religiosamente", mas acho que isso seria demasiada ironia) as resoluções das nações unidas. Ora, não se lembram estes senhores que o presidente extremista do Irão foi eleito, derrotanto um presidente com uma postura moderada, anteriormente no poder. Esquecem-se ainda que Israel sistematicamente ignorou todas as resoluções das Nações Unidas sobre a Palestina, a sua auto-determinação e os direitos dos cidadão árabes.

São estes double standards que levam a que o ocidente seja incompreendido por parte do Mundo Árabe. Como explicar que se defenda a igualdade, a liberdade e a fraternidade, mas só para alguns?

Assim é complicado...

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