Mário Crespo andava com vontade de dar nas vistas. Efemérides sobre o ecrã da previsão do tempo, entrevistas mais ou menos incisivas aos seus convidados e uns artigos no jornal perfeitos para irem passando de caixa de mail em caixa de mail, na lógica do “este é que tem razão, vou já reenviar para todos os meus contactos!”, tão habitual no nosso nacional-carneirismo digital.
Mas Mário Crespo queria mais. Queria ser uma Manuela Moura Guedes sem batom. “Ela foi silenciada e eu não? O que é que eu tenho a menos que ela?”. Vai daí, surge o último artigo de opinião, baseado num diz-que-disse pouco digno (digo eu) para um jornalista sério. E como tal, próprio para se editado na Internet e não num artigo de opinião num jornal.
Se Mário Crespo quer entrar na política, deve deixar o jornalismo. Se quer ser jornalista, deve deixar a intriga política. Não pode é ser um ser híbrido, que usa o jornalismo para manter uma imagem de isenção junto da opinião pública, mas vai metendo umas lanças na política, tentando tornar-se em mais um opinion maker.
Estou certo que existirão muitos “jovens lobos” a tentar ocupar o lugar de Mário Crespo na SIC Noticias. No entanto, acho que a melhor forma de manter a concorrência à distância seria emanar uma aura de solidez profissional, capitalizada ao longo dos anos de profissão, à qual os novos não poderão ainda aspirar. No entanto, estas estórias só servem para descredibilizar essa imagem que demorou anos a construir. E tenho pena, porque Mário Crespo poderia ser um dos grandes jornalistas portugueses. Mas não assim.
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