quarta-feira, março 21, 2007

Santa Comba

Discute-se nestes dias a criação em Santa Comba Dão de um museu dedicado à memória do ditador António de Oliveira Salazar. Uns radicalmente contra, temendo a criação de um altar para devoção ao fascismo. Outros radicalmente a favor, querendo a criação de um altar para devoção ao fascismo. Parece redundante, mas é verdade.

No meio está a virtude diz o povo (e a via do meio dos budistas) e tem razão.

Existirão de certeza documentos interessantes no acervo de salazar que deverão ser trazidos a público. E tal como documentos, deverão existir objectos pessoais e pormenores da sua vida que será interessante conhecer.

Nesse sentido, o museu de salazar deveria servir antes de mais como informação sobre o individuo nas suas virtudes e defeitos. Em primeiro lugar para humanizar o mito. Talvez vendo os seus objectos pessoais como a cadeira, a cama ou o penico, se verificasse que era um homem igual aos outros. Tal como tantos ditadores pelo mundo fora.

Noutra vertente este museu deveria também servir como divulgador dos principais legados de salazar ao seu país, nomeadamente a opressão, a tortura, a censura, a perseguição política, o colonialimso ou o corporativismo, entre muitos outros.

Ainda outro aspecto positivo seria a dinamização turistica de uma localidade do interior, com a passagem de visitantes para o museu.

Por estas razões, seria de todo positivo a criação do referido museu. Mas nunca nos moldes em que o mesmo está prestes a ser criado.

segunda-feira, março 12, 2007

Bem prega Frei Tomás...

Mesmo estando no lugar à apenas um ano, o ocupante do palácio de Belém decidiu editar um livro de estilo da presidência, de modo a definir o que ele pensa que deverá ser a acção do Presidente da nação.

É um acto arriscado, pois irá obrigar todo o resto do seu mandato ao que deixar escrito nesse livro, desde que o autor se obrigue à palavra dada. A este propósito diz o Sr. Silva (tratamento que lhe foi carinhosamente dado a partir da pérola do atlântico) que cabe aos políticos portugueses ter a noção de que a palavra dada é para ser cumprida. E é verdade. Mas só para alguns.

Ora, o Sr. Silva decidiu esquecer que a palavra é para ser cumprida, e sancionar todos os desmandos e demagogias do Sr. Jardim da Madeira.
Decidiu que basta uma birra típica de um menino para se convocarem eleições antecipadas.
Decidiu que não há problema em gastar 5 milhões de euros por ano num jornal com a tiragem mínima e a qualidade pobre do Jornal da Madeira e depois se reclamar que baixaram o orçamento para a Região Autónoma.
Decidiu que o Sr. Jardim vai poder fazer inaugurações de obras até ao final do mês, ignorando o facto de ser um governo de gestão.
Decidiu ignorar que existe uma maioria absoluta sólida na Assembleia Regional com todas as possibilidades de ser reconduzida em funções.
Decidiu esquecer que o Sr. Jardim falta regularmente às reuniões de Conselho de Estado quando estas são convocadas e está presente quando é discutida a situação na Madeira, em que se devia obviamente, abster de participar.

Gostava de saber se este é o livro de estilo do Presidente da República, ou se apenas se irá lembrar de o implementar conforme as necessidades...

sexta-feira, março 09, 2007

Efeméride

Segundo a Wikipedia, no dia 9 de Março (hoje) de 1500, a armada de Pedro Álvares Cabral partiu de Lisboa rumo a Calecute, descobrindo a meio da viagem o Brasil, território já português desde o Tratado de Tordesilhas de 1494.

Sobre esta efeméride surgem-me dois pensamentos...

O primeiro é o de que o Brasil foi descoberto por acaso.

O segundo é o de que ainda não sei se esta é uma efeméride a comemorar ou não.

quarta-feira, março 07, 2007

Jornalismo à Portuguesa

Estive agora mesmo a ouvir a Antena1 e no jornal de desporto ouvi mais um exemplo do que é actualmente o jornalismo em Portugal...

No principio da notícia o jornalista informa de que o Pauleta gostaria de ter jogado no Benfica, mas que agora é impossível, já que deve acabar a carreira no Paris Saint-Germain.

Ficamos a pensar que o jogador tem uma grande paixão pelo Benfica e com um desejo antigo de ser uma rubra papoila saltitante, com prejuízo de todos os outros clubes nacionais (nacionais? mundiais!).

Eis senão quando se ouve as declarações do jogador e, espanto dos espantos, ele diz que gostaria de ter jogado num dos clubes grandes e que entres grandes se encontra o Benfica... Ou seja, não tem nenhuma preferência particular pelo Glorioso.

Ora, para além de uma grande clarividência por parte do Pauleta, a forma como esta notícia foi colocada demonstra uma tendência crescente no nosso jornalismo para transformar declarações inócuas em declarações importantes.

É preocupante esta tendência, pois se neste caso é pouco importante, em outros casos mais importantes para o país vive-se uma tendência para um histerismo jornalismo em busca de casos onde eles não existem...

Parece que estamos mergulhados num jornalismo cor-de-rosa aplicado a todas as áreas da nossa sociedade. Tudo é motivo para encher tempo de rádio, de TV, ou páginas de jornais.

Será que nas redacções por este país mediático fora, já deixou de se praticar um dos maiores pilares do jornalismo que é o bom senso?