A maior empresa portuguesa do ramo da energia (EDP) tem como accionista uma empresa espanhola (IberDrola) sua directa concorrente, cuja subsidiária portuguesa é presidida por um deputado (Pina Moura) do partido do governo (PS).
Os accionistas privados da EDP escolhem para Administrador Executivo um antigo ministro (António Mexia), ligado a um partido da oposição (PSD), conhecido por ser amigo muito próximo de Pina Moura.
Mas Mexia não é só conhecido por ser amigo de Moura. Também é conhecido por, no seu tempo de administrador da maior empresa do ramo petrolífero (GALP), ter tentado trocar as participações da GALP no petróleo Angolano pela compra de novas bombas de gasolina em Espanha. Ou seja, trocar uma posição privilegiada no acesso à matéria-prima mais cobiçada no mundo, por uma posição ainda mais dependente no final da linha de transformação.
Suponho que com negócios destes também na EDP, Mexia continue a ser um excelente amigo. Mas não dos interesses do seu país.
Já no governo eleito pelo presidente Sampaio após o abandono do primeiro-ministro maoísta (Durão Barroso), um colega de governo de Mexia estando na pasta da Finanças (Bagão Félix) já depois de ter sido consultor do maior banco privado nacional (BCP), instruiu o Banco do estado (CGD) a trocar os seus 12 % de participação no BCP pela compra da Seguros e Pensões (seguradora Império Bonança, Seguro Directo, entre outras). Todo o ramo de seguros do BCP? Não. Apenas algumas áreas menos lucrativas, não incluíndo por exemplo o ramo vida.
Outro bom negócio para o estado foi a adjudicação directa dos depósitos judiciais para o BCP, com a consulta posterior dos restantes bancos privados e a não consulta do anterior titular desse serviço. Adivinharam, a CGD. Mais uma vez o estado alienou-se de património a favor de uma empresa privada. Curiosamente a mesma que tinha sido empregadora de um dos ministros mais influentes do governo da altura.
No estado, existe um número incessante de histórias de delapidação do nosso património. Existe uma classe política praticamente fundida com as empresas privadas, que usa o estado para o lucro. São eleitos com o seu dinheiro, e permitem que essas empresas lucrem com o investimento. Entrámos num cliclo vicioso.
Um ciclo em que saímos quase todos a perder, mas em que existe um grupo que sai sempre a ganhar.
O que mais me choca nestas negociatas é que esta é a geração da liberdade. São aqueles que no 25 de Abril tinham entre 15 a 20 anos. São aqueles que ,na sua maioria, festejaram a possibilidade de um futuro melhor para todos. Que pregaram a solidariedade e a igualdade.
Afinal são chico-espertos. Continuamos bem arranjados.
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