quinta-feira, outubro 07, 2004

PCP, LD, MBR

Na terça à noite, no seguimento das notícias sobre a decisão de Carlos Carvalhas deixar o cargo mais mediático do PCP (depois do desaparecimento de João Amaral), estive a ver, na SIC Notícias, os marretas, ou seja, em bom comunismo (já que estamos a falar do PCP), as correias de transmissão dos monopólios económicos. Estou a falar de LD (sisuda e sinistra figura) e de MBR (que tem pelo menos a preocupação de utilizar como disfarce um aspecto mais bonacheirão e bem disposto).

Por norma não costumo prestar atenção a estes dois papagaios do sistema, mas desta vez queria saber o que iriam dizer, por um mórbido sentimento que nós temos enquanto coltura lusa. Sim, eu estava à espera de ver sangue a escorrer pela boca destes dois senhores enquanto se banqueteavam com o festim de um partido moribundo e (agora) sem líder.

No entanto, fiquei assustado. Dei por mim a concordar com o que eles diziam. Quando esperava uma crítica cerrada, sentenças de morte anunciada ou acusações aos ortodoxos de falta de democracia interna, apanhei com comentários ponderados, calmos e discernidos sobre as diferenças entre o PC e os outros partidos, a ponderação das decisões internas ou o processo colectivo de tomada de decisão.

Foi muito aborrecido. O dia até nem tinha corrido bem, e queria algo que me obrigasse a pensar em sentido contrário, em argumentar, mas ficar por aí. Por razões óbvias, dei por mim preocupado com esta súbita trégua em relação ao PC. Vai dar-me muito que pensar.

Claro que o facto de eu concordar com LD ou MBR não significa que não tenham continuado a dizer coisas que qualquer pessoa com dois dedos de testa poderia pensar por si própria (sim, eu já tinha pensado nisso), mas isso é um mal actual. Estamos a cultivar a guruzização da sociedade.

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