terça-feira, setembro 28, 2004

Fórunite Aguda

Passo-me com certas coisas que oiço ou que vejo. E tenho ódios privados. E manias.
Neste momento ando numa cruzada contra os fóruns. Sim, contra essas coisas execráveis que não me deixam ouvir as rádios que quero, a todas as horas que quero. Que não me permitem ouvir a TSF à noite, sem ter de ouvir uma cambada de palhaços que não tem mais que fazer do que discutir todos os dias as mesmas coisas sobre futebol. Que não me permitem ouvir nenhuma rádio de referência a partir das 10 da manhã no carro, porque vai começar o Fórum. Está certo que se ainda estou no carro a essa hora, é porque estou atrasado, mas acho que não mereço um castigo assim tão grande...

É arrepiante estar a ouvir rádio a essas horas, porque apanhamos com todas as chamadas opiniões de aqueles que àquela hora estão ansiosamente à espera para começar a marcar furiosamente o número de telefone, de modo a poderem dar sentido a uma existência cinzenta... Parece que os estou a ver. “Já que na família ninguém me liga, pelo menos assim posso dizer mal do governo”. Donas de casa, desempregad@s, taxistas, camionistas... E já se sabe com o nosso nível educativo, o que podemos esperar das opiniões populares.... Se for para dizer mal, mata. Se for para dizer bem, ama. Se não tiveres opinião, inventa. Não sem antes baixar o volume do rádio por causa do fio-de-beque e dizer que se gosta muito do programa. Pudera.

Estão na moda os fóruns. Está na moda a “interactividade”. Mas a que custo... O que sofrem os apresentadores e comentadores dos fóruns com o que têm de ouvir, é dose. Será que existe um subsidio de risco para apresentar programas de opinião pública? Se, pela rádio, só se percebe o enfado de algum moderador pelo “seja breve”, ou pelo mais drástico “temos de passar ao ouvinte seguinte”, na televisão é diferente. São precisos verdadeiros actores para mostrar uma cara neutra, perante as baboseiras que se discorrem. Sem rir, ou mesmo chorar.

O problema não está em emitir opinião sobre um assunto. O problema está em quem emite opinião. Não se pode querer que a D. Gertrudes, que é dona de casa e por acaso estava na pausa entre aspirar o chão e ir fazer o almoço para o Fonseca saiba o suficiente de relações internacionais para opinar sobre o conflito da chechenia, sem ser o tradicional “ coitados dos inocentes, etc, etc ”. É uma opinião sincera, mas serve para quê?

Se quiserem alargar a opinião, dêem-se ao trabalho de compilar uma lista de especialistas que garantam uma pluralidade de opiniões sobre cada assunto.

Porque é certo que as opiniões que existem nos media correspondem à voz de interesses instalados... De certeza que vou voltar a falar sobre os media noutra altura.

Por agora estou satisfeito. Já tirei isto do sistema. Até já.

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