domingo, agosto 24, 2008

Não somos só nós...

Estive à pouco a ver a cerimónia de encerramento dos Jogos Olimpicos, e no meio do encantamento geral, anotei a única nota verdadeiramente negativa.

Não é que o excelentissimo presidente da câmara de Londres, Mr. Boris Johnson é um bronco de primeira? Primeiro vinha (na passadeira vermelha de uma das cerimónias mais importantes do mundo) de casaco aberto e mangas que chegavam a meio das mãos, mostrando que não sabe o mínimo de etiqueta. Depois deu mostras de que não sabia bem o que estava ali a fazer. Bem se escudou dizendo adeus à multidão e aos atletas ingleses. Depois deu mais um espectáculo de inaptidão ao agitar a bandeira olimpica (ao contrário dos seus parceiros de cerimónia) e no final, com toda a lata do mundo, saiu na passadeira vermelha de mãos nos bolsos... É verdade, de mãos nos bolsos (e ainda por cima nos bolsos do casaco)...

E eu a pensar que na velha albion os principais dirigentes tinham alguma noção de etiqueta e de comportamento em cerimónias importantes. Afinal enganei-me...

Felizmente não somos só nós....

sábado, agosto 23, 2008

Chinela

O facto de o comité olimpico ter mandado regressar o Marco Fortes de Pequim para Lisboa, por causa das suas declarações, é caricato.

Infelizmente esta decisão revela o país terceiro-mundista em que vivemos. Queremos parecer muito sisudos e sérios, quando não é preciso. As verdadeiras pessoas responsáveis são aquelas que sabem guardar as decisões correctas para as alturas apropriadas.

O Marco Fortes não tem qualquer experiência de falar com os jornalistas (fruto do dominio do futebol nos media), para além de ser reconhecidamente bem disposto. Teve apenas um desabafo. Ele esforçou-se para lá chegar, e estas declarações não representam qualquer falta de respeito.

Mas os senhores do comité olimpico julgam que estamos a tratar de coisas sérias e que temos de ter respeitinho. Respeito teria o seu presidente por nós se não andasse a dar o dito por não dito, dando o salto (triplo) entre o não fico e o talvez fique...

terça-feira, agosto 19, 2008

Estejam mas é caladinhos!

Acabei de ouvir o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, dizer que gosta mais de ver os atletas a competir do que a falar.

É normal que um membro do governo com os tiques autoritários que este demonstra tenha estas frases. Em vez de reconhecer que, para resultados, são precisos apoios, o secretário pede para que os atletas se calem.

Gostava de saber quantas piscinas de 50 metros há em Portugal. Ou quantos atletas da delegação precisam de contar com a boa vontade dos seus chefes para poder treinar sequer uma vez por dia. São questões pertinentes, e que não são de agora.

O que o governo não pode pedir é que as pessoas se calem. Porque é apenas nestas alturas que os media dão cobertura aos atletas das modalidades menos conhecidas, como o tiro com arco, os trampolins ou a vela. E eles, como todos nós, também tem direito a fazer ouvir a sua voz.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Regressos

Voltei hoje do Pico para São Jorge. Aproxima-se o dia de regressar a Lisboa. Por aqui chove, mas o calor associado à humidade faz-me pensar que estou numas ilhas mais a Oeste daqui, bem mais perto do continente americano. Nunca senti este nível de calor por estas ilhas. Entretanto, vou "despachando" as minhas peregrinações anuais. Nestas férias já acumulei cerca de 20 horas de caminhadas pela ilha. Já fui ao Pico, e visitei as sedes de concelho (no entanto, este ano não houve tempo nem disposição para apanhar o barco na Madalena e beber o gin tónico no Peter's - também não fui à ponta da ilha). Já cozinhei por cá uma receita tradicional da minha familía, desta vez com coelhos bravos caçados aqui. Correu bem, felizmente.

Falta-me ir às Velas a pé. E depois, despedir-me das férias, com mais uns banhos nas Manadas ou nos Terreiros. E depois como será o regresso? Já recarreguei as baterias. Sinto-me cada vez mais ligado a esta terra.

Estou mais introspectivo. Sinto-me mais tentado a escrever sobre mim do que sobre o que se passa à minha volta. E tenho mais vontade de escrever. Sem pensar demasiado na forma nem no conteúdo. Escrever apenas. Pode não sair uma obra de arte, mas pelo menos vai saindo o que estou a pensar no momento. Pode não ser muito bonito, mas é genuíno. Será isto também um regresso interior?

sábado, agosto 09, 2008

São Jorge

Ao ver as cores do céu e das nuvens quando o sol se põe ao lado do faial, as cores do mar na fajã da ribeira da areia ou a lua reflectida no canal entre São Jorge e o Pico é que entendo a ânsia dos pintores em encontrar os tons certos para as suas pinturas. Há tons que não são capturados em fotografias. E esses tons venho encontrá-los aqui, no coração dos Açores. Por entre a montanha e as fajãs, com vista para o resto do grupo central, há coisas que só são apreendidas por quem cá chega. A gente, lutando desde sempre contra os elementos e a orografia, mas também com a ajuda da natureza exuberante, com os verdes, os castanhos, os azuis. E os tons. Os tons da vivência que não há fotografia que capte. Só a pintura feita com os pinceis de quem cá vive.