terça-feira, janeiro 08, 2008

Isto é um tratado...

Acabei de ouvir as notícias sobre a forma de aprovação do tratado europeu, e confesso que estou cada vez mais espantado (atarantado seria a expressão correcta).

Não que eu seja actualmente um defensor acérrimo do referendo, depois dos péssimos exemplos de cidadania que (não) tivemos nos referendos já efectuados. Por mim, até não vejo mal em que não haja referendo neste assunto. Sempre é algum dinheiro que se poupa, evitando-se mais uma mancha no currículo da nossa democracia.

O que me espanta são os argumentos utilizados para justificar a ratificação do tratado por via da assembleia da república.

Primeiro temos o argumento quase salazarento de que o nosso primeiro-ministro quer efectuar um referendo, mas que apenas não o faz porque o partido não o deixa (coitadinho, até eu tenho uma lágrima ao canto do olho), embora o partido tenha prometido na campanha que iria fazer um referendo sobre o tratado europeu. Ah não, dizem eles, o tratado já não se chama constitucional. Agora é tratado de Lisboa, portanto é completamente diferente (continuam os argumentos brilhantes).

O nosso presidente da república (igualmente um eminente democrata) também ajuda à festa. Para ele, como o tratado é de Lisboa, temos de dar o exemplo e aprová-lo já. Pelo superior interesse nacional. Só não explica de quem é o interesse de ver um tratado aprovado de imediato e sem discussão. Mas acho que conseguimos perceber. Não dava jeito a qualquer um deles (PR ou PM) sujeitar-se a essa maçada que é descobrir que mais de metade da população se está nas tintas e correr o risco até de perder a votação. Não podemos correr o risco de entrar em democracias...

Com tantos argumentos e tão válidos, admira-me que não haja um maior reconhecimento pelos nossos amados líderes. Somos mesmo ingratos...

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