quinta-feira, agosto 03, 2006

Fidel

Acompanhei com interesse durante as férias a operação de Fidel Castro, bem como a sua delegação de poderes no irmão Raul e noutros membros da hierarquia governamental cubana.

Costumo dizer e ouvir dos meus amigos que gostaria de ir a Cuba antes da morte de Fidel, porque receamos que depois a ilha volte a ser um protectorado dos Estados Unidos e local de chegada de oportunistas e aventureiros ansiosos de explorar as riquezas da ilha (como acontece aliás nos estados hispânicos em redor).

No entanto, esta transição calma e sem sobressaltos revelou que a revolução cubana pode subsistir sem a presença de Fidel na sua liderança. A clarividência demonstrada no realismo do encarar do seu estado de saúde, divulgando o que achava suficiente e explicando claramente porque não o divulgava na sua totalidade, revelou que Fidel confia na inteligência do povo cubano, e na sua capacidade de continuar o trabalho desenvolvido.

Não podemos dizer o mesmo dos supostos regimes democráticos ocidentais... Quantas vezes as notícias são sonegadas na sua totalidade, com base na desconfiança dos governantes em relação à reacção popular?

Tenho confiança na recuperação de Fidel. Cuba tem uma das mais avançadas medicinas existentes. No entanto, com esta amostra, tenho confiança de que Cuba continuará a ser um exemplo de que se pode organizar um estado de forma diferente, em oposição ao ponto de vista vigente de que só há uma solução viável.

Todos os regimes têm os seus defeitos, os seus erros, e os seus opositores. Todos devem aprender e evoluir. Penso que devemos aprender muito com algumas áreas do sistema cubano, antes de os criticar por coisas que também se praticam, abertamente ou de formas mais disfarçadas, nos nossos quintais.

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