sexta-feira, setembro 28, 2007

PLD

Shinzo Abe, o primeiro-ministro do Japão demitiu-se. Para lá dos casos de corrupção, foi prejudicado por dois factores: suceder à enorme popularidade de Junichiro Koizumi, o primeiro-ministro mais carismático do Japão dos últimos anos, e não ter sido eleito por voto popular para o cargo, uma vez que foi nomeado para o cargo após ter ganho eleições internas no PLD (Partido Liberal Democrata), motivadas pelo fim do mandato de Koizumi (que motivou também o fim do mandato deste como primeiro-ministro).

No PLD sucede que o mandato do presidente dura 3 anos enquanto o mandato de primeiro-ministro dura 4 anos. O que originou que Koizumi terminasse o seu mandato como líder do partido, e deixasse Abe como novo líder do governo Nipónico, sem que existissem eleições legislativas, mas apenas eleições internas no PLD.

No entanto sucessivos casos de corrupção (inclusive com o suicídio de um ministro) motivaram a derrota nas eleições para o Senado, no final de Julho, enfraquecendo cada vez mais a posição de Abe, que levaram à renúncia deste no passado dia 12, tendo sido substituído por Yasuo Fukuda, também novo líder do PLD em substituição de Abe.

Interessante é que o PLD detém o cargo de primeiro-ministro do Japão à 52 anos (apenas com excepção do período entre Agosto de 1993 e Janeiro de 1996). Se calhar se fosse em outro país, não seria considerada uma democracia...

sábado, setembro 08, 2007

McCanned Media

Tenho assistido aos últimos desenvolvimentos do caso do desaparecimento de Madeleine McCann. Não tenho opinião sobre as razões do seu desaparecimento. Essas razões serão apuradas e provadas por quem de direito. A polícia tem métodos de trabalho que devem ser respeitados e levados até ao fim.

No entanto, tudo o que rodeia este caso merece alguma reflexão. Foi criado pelo casal McCann um circo mediático que se alargou a uma dimensão mundial. Digo que foi criado pelo casal McCann, mas o que parece agora é que foi criado por alguém que lhes é exterior. A sua proximidade com o primeiro-ministro inglês, trouxe-lhes a possibilidade de serem apoiados pela diplomacia do seu país. Sabendo das dificuldades que existem para aceder ao mais alto nível do Vaticano, não é crível que um casal de Anglicanos consiga, de um momento para o outro, estar em contacto com o Papa. Foi esta uma das manifestações mais importantes para divulgar este caso a nível mundial.

Não sei se este apoio tem algum interesse para além do da simples amizade, nem quero pensar se existirão ou não também algumas ramificações comerciais relacionadas com o turismo.
O que me deixa neste momento a pensar é o facto de que, se este caso se tivesse passado à 10 anos, nunca teríamos ouvido falar destas movimentações de bastidores efectuadas pelas autoridades britânicas. De facto, talvez pudéssemos somente esperar que dali a algum tempo existisse alguma referência perdida num livro de memórias de um qualquer acessor do governo inglês.
Como este caso se passa actualmente, temos vindo a ser alertados para as suas diversas vertentes. Para isto muito tem contribuído os debates de fundo efectuados nas televisões de referência (RT e SIC) e a competência e discernimento dos comentadores e jornalistas neles presentes (descontando as caretas teatrais do José Rodrigues dos Santos).

Vivemos agora numa época mais esclarecida e com menos espaço para jogadas de bastidores, ou este é apenas um exemplo do que poderia ser um jornalismo com maiores possibilidades de elucidação do público e aclaração de outras áreas com maior influência na nossa vida, como a politica?

Infelizmente, confesso que me inclino para a segunda opção.